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EUROPA

Ozempic: desempregados poderão ter injeções de perda de peso para voltar ao trabalho no Reino Unido

Secretário de Saúde britânico anunciou estudo para avaliar impacto dos medicamentos no serviço público de saúde sobre a situação do trabalho e os dias de licença médica

Medicamento OzempicMedicamento Ozempic - Foto: Joel Saget/Getty Images/AFP

O secretário de Saúde do Reino Unido, Wes Streeting, sugeriu que desempregados com obesidade poderão receber os novos medicamentos para a perda de peso – como a semaglutida, do Ozempic e do Wegovy – pelo serviço nacional de saúde público britânico, o NHS, para voltarem a trabalhar.

“Nossa cintura cada vez mais larga também está sobrecarregando significativamente nosso serviço de saúde, custando ao NHS £11 bilhões por ano (cerca de R$ 81 bilhões na cotação atual) - mais até do que o tabagismo". 

E isso está atrasando nossa economia. As doenças causadas pela obesidade fazem com que as pessoas tenham, em média, quatro dias a mais de licença médica por ano, enquanto muitas outras são obrigadas a deixar o trabalho”, escreveu Streeting em artigo publicado no jornal The Telegraph.

O responsável pela Saúde do Reino Unido anunciou ainda um investimento de £ 279 milhões, cerca de R$ 2,05 bilhões na cotação atual, por parte da Eli Lilly, farmacêutica fabricante do Mounjaro, remédio semelhante ao Ozempic e ao Wegovy, que são da Novo Nordisk.

Como parte da colaboração, a organização Health Innovation Manchester vai conduzir um estudo que avaliará evidências de mundo real ao longo de cinco anos sobre o impacto da tirzepatida, substância do Mounjaro, na utilização de recursos de saúde, na situação do trabalho dos pacientes e nos dias de licença médica tirados.

Em comunicado sobre a parceria, Amanda Pritchard, diretora executiva do NHS, disse que a obesidade é “um dos maiores problemas de saúde pública” enfrentados pelo Reino Unido hoje e que "os medicamentos para perda de peso serão um divisor de águas, juntamente com estratégias de prevenção anteriores”. Pritchard afirmou ainda que o novo acordo é um sinal de que o sistema de saúde está “excepcionalmente bem posicionado globalmente” para oferecer os novos tratamentos e que vai apoiar não apenas a ciência, mas “os empregos e o crescimento econômico em todo o país”.

No artigo do The Telegraph, o secretário de Saúde também avaliou que, para muitas pessoas, “esses remédios para perda de peso mudarão suas vidas, as ajudarão a voltar ao trabalho e aliviarão as demandas do NHS”.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, comentou sobre o assunto em entrevista à BBC. De forma semelhante, afirmou que os remédios serão úteis para pessoas que precisam perder peso e “muito importantes para a economia, para que as pessoas possam voltar ao trabalho”.

No artigo, Streeting também defendeu que não se pode esperar que o serviço público de saúde britânico “sempre pague a conta de estilos de vida pouco saudáveis”. “É por isso que este governo já está tomando medidas para dar às crianças um início de vida saudável, proibindo anúncios de junk food direcionados a elas. Também estamos reformando o NHS para que ele detecte os problemas mais cedo e evite que eles se agravem”, continuou.

À BBC Radio 4, a especialista em políticas de obesidade e pesquisadora de epidemiologia na Universidade de Cambridge, Dolly van Tulleken, disse que vê “algumas considerações sérias sobre ética, finanças e eficácia com essa abordagem”. Segundo ela, um problema seria “olhar para as pessoas ou medi-las com base em seu valor econômico potencial, em vez de se basear principalmente em suas necessidades e necessidades de saúde”.

A pesquisadora também apontou que, embora ações de combate à obesidade por parte do poder público sejam necessárias, e os remédios tenham sido estratégias importantes nesse sentido, dificilmente será possível cobrir com o sistema público toda a população elegível para receber os medicamentos, que chega a milhões de indivíduos.

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