Ozempic falsificado: Anvisa diz monitorar caso para "avaliar necessidade de medidas adicionais"
Ao menos três lotes de produtos falsos já foram identificados pela agência em circulação no Brasil
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) diz ter solicitado informações às autoridades locais do Rio de Janeiro após o caso da internação de uma mulher de 46 anos por uso do medicamento Ozempic falsificado. O órgão afirmou, em nota enviada ao GLOBO, monitorar o episódio para “avaliar a necessidade de medidas adicionais”.
Na semana passada, uma mulher foi internada com quadro clínico grave no hospital Copa D' Or, localizado em Copacabana, no Rio de Janeiro, após aplicar um produto que pensava ser o Ozempic, remédio aprovado para diabetes tipo 2 e utilizado de forma off-label (finalidade diferente da bula) para perda de peso.
Ela contou realizar tratamento regular com o remédio, indicado por um endocrinologista, e ter comprado a caneta injetável em uma farmácia. Apenas após a médica que a atendeu no hospital ter desconfiado do item é que descobriu se tratar de um produto falsificado. A paciente estava com um quadro grave de hipoglicemia – níveis baixos de açúcar no sangue.
O caso foi relatado à Novo Nordisk, farmacêutica responsável pelo medicamento, que monitora a circulação de unidades fraudadas e as relata à Anvisa. A agência já emitiu três alertas sobre a identificação de lotes falsificados no país após receber informações do laboratório.
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Segundo a Anvisa, alguns sinais de desvios de qualidade ou de adulteração do produto são alterações de aspecto, cor, odor, sabor e volume ou presença de corpo estranho. O órgão orienta ao usuário que, em caso de dúvidas, entre em contato com o serviço de atendimento da Novo Nordisk para checar as informações e origem do remédio.
Lotes falsificados
Em relação aos lotes confirmados de produtos falsificados, a Anvisa confirmou terem sido emitidas três resoluções proibindo a venda e alertando sobre. O último foi em janeiro deste ano. Trata-se do lote MP5A064, na concentração de 1,34 mg/mL, com prazo de validade para outubro de 2025 e idioma da embalagem em espanhol.
De acordo com o decreto da agência, publicado no Diário Oficial da União (DOU) à época, a Novo Nordisk identificou unidades do lote "com características divergentes das constantes no medicamento original, a saber: concentração e idioma, se tratando, portanto, de falsificação" e avisou a Anvisa.
Já no ano passado, os dois lotes de Ozempic falsificados registrados pela Anvisa foram o MP5C960 e o LP6F832, ambos também identificados pela Novo Nordisk e repassados para a agência em junho e outubro.
Além disso, em janeiro deste ano, a agência proibiu a venda de todos os lotes de Ozempic e de outros medicamentos comercializados no site https://www.manual.com.br após constatar que são itens "fabricados por empresa desconhecida" e sem registro sanitário.
"As ações de fiscalização determinadas se aplicam a todos os medicamentos da marca MANUAL, bem como a quaisquer pessoas físicas/jurídicas ou veículos de comunicação que comercializem ou divulguem os produtos", disse o decreto.
O problema das unidades falsificadas do Ozempic, no entanto, não se restringe ao Brasil. Também no início do ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta sobre a escassez dos remédios com semaglutida — o princípio ativo do Ozempic e o Wegovy (versão do remédio aprovada para obesidade) — e o consequente aumento da comercialização de versões falsificadas destes medicamentos ao redor do planeta.
“A escassez tem um impacto negativo no acesso a produtos médicos e cria um vácuo que é muitas vezes preenchido por versões falsificadas. No ano passado, a escassez global de produtos indicados para controlar o diabetes tipo 2 e, às vezes, também aprovados para perda de peso, conhecidos como produtos agonistas do receptor do peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1-RA), foram associados a um aumento nos relatos de GLP-1-RA falsificado”, apontou o comunicado, que citava lotes encontrados no Brasil, no Reino Unido e nos Estados Unidos.
O que é Ozempic?
O Ozempic é um medicamento aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento de diabetes tipo 2, mas que se popularizou pelo seu uso off label para perda de peso. A administração do fármaco feita por meio de uma caneta injetável e está disponível em 0,25 mg, 0,5mg e 1mg.