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Ozempic, Wegovy, Mounjaro e Zepbound: vendas dos remédios de última geração cresceu 92% neste ano

Classe de medicamentos superou áreas tradicionais da medicina, como a oncologia e a imunologia

Medicamento OzempicMedicamento Ozempic - Foto: Joel Saget/Getty Images/AFP

Medicamentos usados para emagrecimento, como ozempic, Wegovy, Mounjaro e Zepbound, contribuíram para o crescimento da indústria farmacêutica neste ano, é o que aponta o relatório “The weight is over: How GLP-1 treatments are reshaping pharma and beyond” (O peso acabou: como os tratamentos com GLP-1 estão remodelando a indústria farmacêutica e muito mais, em tradução livre), divulgado nesta semana pelo time de economistas da Allianz Research, departamento de análise da Allianz Trade, líder mundial em seguro de crédito.

As vendas desses medicamentos cresceram de 4,5 bilhões de euros em 2021 para 21,2 bilhões em 2023, com expectativa de chegar a 92 bilhões de euros até 2030. Apenas em 2024, o crescimento deles chegou na marca de 92%. Eles superaram áreas tradicionais da medicina, como a oncologia, quando o assunto é o crescimento.

Segundo o estudo, esses medicamentos representaram 46% do número total de vendas em 2023, enquanto a oncologia representou 26%, a parte de imunologia 20% e a área das vacinas 15%.

“Acreditamos que o entusiasmo em torno dos medicamentos GLP-1 veio para ficar e seu desenvolvimento marca o início de um novo capítulo para a endocrinologia e a nutrição, o que pode abrir caminho para o desenvolvimento de novos medicamentos, talvez até melhores”, afirmam os economistas do estudo.

Entretanto, eles afirmam que o uso desses medicamentos ainda é ambíguo principalmente por conta de seus efeitos colaterais, como: náusea, diarreia e distúrbios estomacais e perda muscular. Os efeitos colaterais de longo prazo continuam sendo uma dúvida.

O relatório aponta que outro grande desafio é a intensificação da concorrência de medicamentos novos, genéricos e “imitadores”.

O setor está investindo e explorando mais do que nunca nas áreas de obesidade, diabetes e doenças metabólicas, portanto, é muito provável que novos tratamentos semelhantes e até melhores do que os utilizados atualmente cheguem ao mercado nos próximos anos.

O estudo englobou principalmente os quatro remédios principais da área: Ozempic e Wegovy, da Novo Nordisk; Mounjaro e Zepbound da Eli Lily, mas cita também um novo medicamento da Novo Nordisk em fase avançada de testes clínicos, chamado de CagriSema, uma combinação de Semaglutida e Cagrilintida, prometendo maior eficácia na perda de peso — até 25% do peso corporal.

O Zepbound tem como princípio ativo a tirzepatida, mesma substância do Mounjaro — medicamento semelhante da Eli Lilly, mas que tem como indicação o tratamento de diabetes tipo 2. É o mesmo caso do Ozempic e do Wegovy, em que ambos são à base de semaglutida, mas o primeiro é oficialmente para pacientes diabéticos, enquanto o segundo é destinado à perda de peso.

Todos esses medicamentos fazem parte da classe chamada análogos de GLP-1, que tem sido apontada pelos especialistas como uma verdadeira revolução na forma como se trata a obesidade, uma doença crônica e multifatorial.

O relatório mostra ainda que as indústrias que produzem esses medicamentos também vão ter um crescimento exponencial em suas receitas. A Novo Nordisk, por exemplo, espera crescer em 24% enquanto a Eli Lilly, 33%. Além da receita desses quatro produtos juntos aumentar em 92% este ano, as indústrias planejam um crescimento adicional de mais 45% em 2025 à medida que penetram progressivamente em outros novos mercados.

Medicamentos genéricos
Um risco, segundo o estudo, é a competição de medicamentos genéricos e alternativos, especialmente na China, onde eles devem começar a ser comercializados a partir de 2026 e pode reduzir as margens de lucro.

Embora as patentes concedam poder de fixação de preços durante um período e proteção substancial de participação de mercado ao detentor (que tem direitos exclusivos sobre os ingredientes ativos, as fórmulas e os processos de fabricação), elas vão expirar.

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Entretanto, as versões genéricas dos medicamentos também precisam ser aprovadas primeiro pelas autoridades regulatórias locais, como a Anvisa no Brasil. Mas, uma vez aprovadas, o relatório afirma que as versões genéricas dos medicamentos podem pegar de 50% a 70% da participação no mercado no primeiro ano de comercialização.

Como agem os medicamentos?
No caso da semaglutida e da liraglutida, eles simulam apenas o hormônio GLP-1 no corpo humano. Existem receptores dele em diversas partes do corpo: no pâncreas, por exemplo, essa interação aumenta a produção de insulina.

Por isso, inicialmente, os fármacos do tipo foram pensados para diabetes tipo 2. Além do Ozempic, destinado a esse público, existe o Victoza, que é a versão da liraglutida para pacientes diabéticos.

Já no estômago, o GLP-1 reduz a velocidade da digestão da comida e, no cérebro, ativa a sensação de saciedade. Esses mecanismos levam a pessoa a sentir menos fome e, consequentemente, reduzir as calorias ingeridas por dia.

A tirzepatida é uma ainda nova geração, que tem o diferencial de ser um duplo agonista, simulando não só o hormônio GLP-1 como também um outro intestinal chamado GIP. Já a retatrutida é o mais recente, sendo um triplo agonista: além do GLP-1 e do GIP, simula também o GCC.

Todos os medicamentos devem ser utilizados somente mediante indicação médica e têm efeitos colaterais.

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