Paciente nos EUA fica com sotaque irlandês "incontrolável" após câncer
Segundo os médicos, é possível ele tenha adquirido a síndrome do sotaque estrangeiro (FAS, na sigla em inglês), que o acompanhou até a morte
Um homem na faixa dos 50 anos passou a falar com um sotaque irlandês "incontrolável" após ser diagnosticado com câncer de próstata, informa o British Medical Journal, destacando que o paciente, morador da Carolina do Norte, nos EUA, nunca havia sequer visitado a Irlanda. O relatório diz, porém, que ele morou na Inglaterra quando estava na casa dos 20 anos e que tinha alguns amigos e parentes distantes na Irlanda.
Segundo os médicos, é possível ele tenha adquirido a síndrome do sotaque estrangeiro (FAS, na sigla em inglês), que o acompanhou até a morte, alguns meses depois. Ainda que tenha morado no exterior, eles acreditam que o paciente nunca tenha falado com sotaque estrangeiro até cerca de 20 semanas depois de iniciar o tratamento para o câncer.
"Apesar da quimioterapia, seu câncer de próstata neuroendócrino progrediu, resultando em metástases cerebrais multifocais e uma provável paralisia ascendente paraneoplásica, levando à sua morte", afirma o relatório.
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Apesar de ser considerada rara, essa síndrome já foi observada em casos semelhantes nos últimos anos, relatou a BBC nesta sexta-feira. No entanto, os autores da pesquisa descreveram que aquele paciente foi o primeiro registro de alguém com câncer de próstata que desenvolveu FAS, e o terceiro entre quem tinha sido diagnosticado com a doença, de forma geral.
Os pesquisadores suspeitam que a alteração na forma de falar tenha sido acometida por um distúrbio neurológico paraneoplásico (PND), quando o sistema imunológico de pacientes com câncer ataca partes do cérebro, além de músculos, nervos e medula espinhal.
A pesquisa foi realizada por cientistas da Universidade Duke, na Carolina do Norte, e pelo Centro Carolina de Pesquisa Urológica, na Carolina do Sul.
"Seu sotaque era incontrolável, presente em todos os ambientes e gradualmente tornou-se persistente", escreveram os pesquisadores, acrescentando que o paciente "não apresentava anormalidades no exame neurológico, histórico psiquiátrico ou ressonância magnética das anormalidades cerebrais no início dos sintomas".