onu

Pacto Global da ONU no Brasil impulsiona setor privado a adotar metas mais arrojadas

Evento em São Paulo abordará andamento de compromissos assumidos nas áreas de direitos humanos, mudanças climáticas e equidade de gênero e raça

ONUONU - Foto: POOL/GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP

Lançado há 23 anos, o Pacto Global das Nações Unidas passa por um boom recente no Brasil: acaba de chegar a 1.900 membros, o que coloca o país entre as três maiores redes no mundo, ao lado de Espanha e França. A iniciativa praticamente dobrou desde o segundo semestre de 2020, quando havia alcançado a marca de mil membros.

O Pacto Global surgiu como um chamado ao setor privado do então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, para que as empresas alinhassem suas estratégias a dez princípios nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e práticas anticorrupção. Hoje, é considerada a maior iniciativa voltada à sustentabilidade corporativa no mundo, presente em 164 países e com mais de 20 mil empresa, distribuídas em 70 redes locais. Também é um dos principais promotores da chamada Agenda 2030, composta pelos 17 ODS, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

O mundo mudou nas últimas duas décadas, de modo que a pressão para as empresas aderirem à agenda ambiental, social e de governança (ESG, na sigla em inglês) cresceu tanto por parte do mercado quanto dos reguladores. Nessa esteira, o próprio Pacto Global teve que se atualizar e, embora continue uma iniciativa de adesão voluntária das empresas a compromissos socioambientais, foi preciso adotar uma estratégia mais pragmática.

Há um ano, o Pacto Global no Brasil criou a estratégia Ambição 2030, que consiste em oito movimentos com metas específicas em áreas como equidade de gênero e raça, saúde mental, mudanças climáticas e economia circular.

O Brasil saiu na frente, pois vimos a necessidade de estabelecer metas para o setor empresarial com clareza e pragmatismo para que os compromissos não ficassem muito soltos, já que 2030 está aí, explica Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU no Brasil.

Entre as metas que o Pacto Global irá acompanhar, estão alcançar 1,5 mil empresas com mais de 15 mil pessoas negras (ou de origem indígena e quilombola) e 11 mil mulheres em posições de liderança até 2030; engajar mil empresas e impactar 10 milhões de trabalhadores em programas estruturantes de saúde mental; garantir 100% de salário digno aos funcionários e suas cadeias de valor e promover um movimento de universalização do acesso a água e saneamento básico, impactando a vida de 100 milhões de pessoas.

Segundo Pereira, 300 empresas já se juntaram à estratégia Ambição 2030 ao longo do último ano, com impactos que se estendem às suas cadeias de valor.

Se pensarmos que um grande banco tem, em média, 12 mil fornecedores e uma empresa do setor elétrico por volta de 8 mil, então o efeito multiplicador dos compromissos é enorme, diz Pereira.

O Pacto Global pretende fazer um balanço do cumprimento dessas metas no Fórum Ambição 2030, evento que será realizado em parceria com a consultoria Aya Earth Partners no dia 7 de março, em São Paulo. A iniciativa pretende reunir 500 lideranças empresariais, da sociedade civil e do governo no hotel Rosewood, na região central da capital paulista, para discutir os avanços rumo ao cumprimento dos ODS.

Entre os palestrantes confirmados, estão o ministro da Fazenda Fernando Haddad, que falará na abertura do evento, CEOs de empresas como Cosan, CBA, SPIC e Siemens e nomes da sociedade civil, como Tasso Azevedo, do projeto MapBiomas e Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente. Paul Polman, ex-CEO da Unilever que transformou a empresa em uma referência da sustentabilidade está entre os palestrantes.

Embora não tenha mandato para fiscalizar e punir as empresas que estiverem aquém do cumprimento das metas, Pereira acredita que, ao se comprometerem publicamente, com aval da alta liderança e dos conselhos de administração, as empresas vão estar mais abertas ao escrutínio da sociedade, o que impulsiona internamente as ações.

Em carta aos membros lançada no início do ano, a queniana Sanda Ojiambo, CEO do Pacto Global no mundo, destacou que no ano passado 90% das empresas afiliadas afirmaram que a adesão à iniciativa as ajudou a promover políticas e práticas de responsabilidade corporativa.

No Brasil, 78,4% das empresas afirmaram ter inserido a agenda ESG na elaboração de suas estratégias de negócios, segundo pesquisa do Pacto Global em parceria com a Stilingue, plataforma de monitoramento digital com inteligência artificial e com a consultoria Falconi. O estudo, lançado em 1º de março, envolveu 190 empresas e organizações e mostra que a pauta ambiental é uma das mais abordadas pelas empresas — 62,1% têm investido em iniciativas de redução das emissões de gases de efeito estufa, especialmente nos setores de indústria, infraestrutura, comércio e agronegócio.

Veja também

Projeto de inclusão do IFPE conquista 1º lugar estadual do Prêmio IEL de Talentos
Inclusão

Projeto de inclusão do IFPE conquista 1º lugar estadual do Prêmio IEL de Talentos

Israel confirma morte de dois soldados em combates perto da fronteira com o Líbano
ORIENTE MÉDIO

Israel confirma morte de dois soldados em combates perto da fronteira com o Líbano

Newsletter