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Pai descobre que filhos gêmeos foram mortos em Gaza por ataque israelense enquanto ele os registrava

A esposa e a sogra de Mohamed Abuel-Qomasan também foram mortas em um ataque que atingiu a casa onde moravam

Mohamed Abuel-Qomasan Mohamed Abuel-Qomasan  - Foto: Reprodução

Um homem palestino comoveu os usuários das redes sociais ao aparecer em um vídeo que mostra o momento em que descobre que perdeu seus bebês gêmeos e a esposa em um bombardeio que atingiu sua casa na Faixa de Gaza, enquanto ele estava fora fazendo o resgistro dos bebês.

Quando ele voltou com as certidões de nascimento para os recém-nascidos, encontrou eles sob lençóis brancos.

Mohamed Abuel-Qomasan anunciou nas redes sociais que sua esposa, a farmacêutica Joumana Arafa, havia dado à luz no final de semana.


Nesta terça-feira, enquanto ele foi ao escritório responsável pelo registro, vizinhos ligaram para informar que a casa onde ele estava abrigado, perto de Deir al-Balah, no centro de Gaza, havia sido bombardeada.

 

 

Além de sua esposa e dos recém-nascidos — um menino, Asser, e uma menina, Ayssel — o ataque também matou a avó materna dos gêmeos. Enquanto ele estava em um hospital, atônito com a perda, segurava as certidões de nascimento dos gêmeos. “Não sei o que aconteceu. Me disseram que foi um projétil que atingiu a casa”, disse ele.

Nesta mesma semana, uma bebê de três meses virou notícia por ser a única sobrevivente de um bombardeio israelense que matou dez membros de sua família. Envolta num pano preto e com o rosto repleto de feridas, a bebê causou grande comoção no pátio da unidade de saúde, ponto de encontro de palestinos que procuram seus entes queridos mortos, feridos ou desaparecidos.

A morte da família foi registrada pouco depois da Defesa Civil de Gaza, administrada pelo grupo terrorista Hamas, anunciar que conseguiu identificar 75 corpos das 93 pessoas mortas no bombardeio contra uma escola do enclave – um caso separado que ocorreu no sábado. Enquanto o Exército israelense afirma que o local era usado como base para “atividades terroristas” e diz ter eliminado 31 homens ligados ao Hamas e à Jihad Islâmica, outro grupo armado, o órgão palestino afirma que pelo menos seis crianças e 11 mulheres foram mortas.

— Houve 93 mortos na escola al-Tabi’een, entre eles 11 crianças e 6 mulheres. Temos os nomes de 75 que foram identificadas — disse o porta-voz Mahmud Basal, da Defesa Civil palestina, explicando por que ainda não há identificação dos outros 18: — [Há] corpos em pedaços, outros foram queimados no bombardeio.

O ataque aéreo na noite de sábado foi amplamente condenado pela comunidade internacional, incluindo pelo Brasil. Em nota, o Itamaraty expressou “profunda solidariedade às famílias das vítimas”, exigiu que Israel atuasse “com base no princípio da proporcionalidade, tomando as medidas necessárias para proteger a população civil” e denunciou recorrentes desrespeitos por parte do país em suas operações. Ainda assim, testemunhas relataram novos bombardeios no enclave nesta terça-feira, quando a casa dos bebês gêmeos foi atingida.

Em abril, quando a guerra em Gaza completou seis meses, crianças e adolescentes eram 44% dos mais de 33 mil mortos. Dois meses depois, um grupo de especialistas globais afirmou que quase meio milhão de pessoas enfrentam os níveis mais altos de insegurança alimentar no território – e que ao menos 30% das crianças estão gravemente desnutridas na região. Somado a esse cenário, a agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA) disse que em média dez crianças perdem uma ou ambas as pernas todos os dias no enclave.

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