cúpula do clima

Países debatem sobre as finanças da mudança climática na COP26

A conferência sobre a mudança climática de Glasgow deve terminar na sexta (12)com um documento que inclua um compromisso mais forte dos países para a redução de emissões de gases do efeito estufa

Cúpula da COP26Cúpula da COP26 - Foto: Christopher Furlong / Getty Images Europe / POOL / AFP

Os quase 200 países participantes na COP26 debatem nesta quinta-feira (11) o financiamento da luta contra a mudança climática, um dos principais obstáculos para o documento final, ao lado das novas metas para o meio ambiente que devem ser impostas a médio prazo.

"Quero ser claro, ainda não chegamos ao objetivo", declarou o presidente das negociações, o britânico Alok Sharma.

"Me preocupa a quantidade de temas pendentes na área de finanças, a um dia do fim oficial da conferência", afirmou.

"Nossos líderes foram claros no início da reunião de cúpula: querem que demonstremos ambição e a construção de um consenso", alertou o britânico aos ministros e negociadores.

A conferência sobre a mudança climática de Glasgow deve terminar na sexta-feira (12) com um documento que inclua um compromisso mais forte dos países com a redução de emissões de gases do efeito estufa, com a transição energética, e como tudo será financiado.

Além disso, os participantes devem desenvolver regras de vigilância mútua, de transparência, harmonizar as datas e a maneira como apresentam seus objetivos climáticos, e inclusive como devem ser indenizadas as perdas provocadas pela mudança climática, e quem paga por isso.

Todos são pontos do Acordo de Paris, assinado em 2015, que agora devem ser elaborados. 

E sem tempo, alertam os cientistas especializados na questão climática: eles destacam que a temperatura nédia do mundo já aumentou em +1,1 ºC na comparação com a era pré-industrial, quando o objetivo desejável seria +1,5 ºC até o fim do século.

Rascunho repleto de parênteses 

O mais recente rascunho de declaração final, divulgado pela presidência da COP26 nesta quinta-feira, está repleto de parênteses na parte sobre finanças, e sem mencionar valores.

O mundo desenvolvido estabeleceu oficialmente o valor de 100 bilhões de dólares por ano para ajudar os países em desenvolvimento a enfrentar a gigantesca tarefa de reduzir as emissões de poluentes, além da adaptação para as mudanças.

O valor é uma base, insistem os países pobres. E o Acordo de Paris já previu a necessidade de renegociação para depois de 2025.
 

"Para chegar ao objetivo de 1,5 ºC... sabemos que já gastamos 50% do orçamento de carbono", ou seja, de emissões, criticou Diego Pacheco, principal negociador boliviano e porta-voz do denominado 'Like Minded Group of Developing Countries' (LMDC, Grupo de Países em Desenvolvimento com Ideias Semelhantes).

"Não somos responsáveis pelo fosso entre as promessas de corte de emissões e a realidade", completou o boliviano.

Esta postura é combatida por alguns países ricos, que criticam o fato de nações como China, maior poluente do mundo, ou Índia, grande consumidora de carvão, se protegerem sob as demandas dos países em desenvolvimento.

Sobre a mesa aparecem esporadicamente valores astronômicos, o mais recente da ordem de 1,3 trilhão de dólares por ano, que devem ser gastos em partes iguais entre adaptação e mitigação, segundo uma proposta de países da América Latina, África e Ásia.

Quase 200 cientistas especializados em mudança climática pediram aos participantes da COP26 a adoção de medidas imediatas e de grande porte para combater o aquecimento do planeta.

"Destacamos a necessidade de ações imediatas, fortes, rápidas, sustentáveis e em larga escala para limitar o aquecimento abaixo de +2°C e para continuar com os esforços para limitá-lo a 1,5°C, como está previsto no Acordo de Paris", pedem os especialistas em uma carta aberta. 

Eles defendem as medidas "para limitar os riscos futuros e as necessidades de adaptação para as próximas décadas, inclusive séculos".

As discussões em Glasgow se complicam ainda por exigências de partes que não estão entre os negociadores, como os grupos indígenas, e as organizações não governamentais, ativas dentro e fora da sede da COP26.

Veja também

Maduro diz que González Urrutia lhe pediu 'clemência' para sair da Venezuela
Venezuela

Maduro diz que González Urrutia lhe pediu 'clemência' para sair da Venezuela

'Estamos tentando evitar o fim do mundo': Flávio Dino defende gastos com incêndios
Queimadas

'Estamos tentando evitar o fim do mundo': Flávio Dino defende gastos com incêndios

Newsletter