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Crise da Ucrânia

Países vizinhos da Ucrânia se preparam para onda de refugiados

Linda Thomas-Greenfield, embaixadora dos EUA alertou que o conflito poderia provocar "uma nova crise de refugiados" com "até 5 milhões" de pessoas deslocadas

Pessoas evacuadas da autoproclamada República Popular de Donetsk sentadas em um ônibus esperando que seu trem seja evacuado para as profundezas da Rússia, na cidade de Taganrog, em 20 de fevereiro de 2022Pessoas evacuadas da autoproclamada República Popular de Donetsk sentadas em um ônibus esperando que seu trem seja evacuado para as profundezas da Rússia, na cidade de Taganrog, em 20 de fevereiro de 2022 - Foto: Andrey Borodulin / AFP

Os países da União Europeia (UE) vizinhos da Ucrânia se preparam para enfrentar o fluxo de centenas de milhares ou até de milhões de refugiados caso a Rússia invada essa ex-república soviética.

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, alertou nesta quarta-feira (23) que o conflito poderia provocar "uma nova crise de refugiados" com "até 5 milhões" de pessoas deslocadas.

A Polônia, que tem uma extensa fronteira com a Ucrânia e acolhe cerca de 1,5 milhão de seus cidadãos, expressou seu apoio ao país vizinho e sua vontade de ajudá-lo.  

"A Polônia está se preparando para vários cenários relacionados à situação de tensão" entre Ucrânia e Rússia, informou o ministério do Interior à AFP.   

Os planos já estavam sendo analisados mesmo antes de a Rússia reconhecer a independência das áreas controladas pelos rebeldes no leste da Ucrânia e das sanções ocidentais.  

"O ministério do Interior está há um tempo tomando medidas para se preparar para uma onda de até um milhão de pessoas", disse no mês passado o vice-ministro do Interior polonês, Maciej Wasik.  

O primeiro-ministro Mateusz Morawiecki criou um grupo de trabalho para definir as necessidades logísticas, de transporte, médicas e educativas para receber os refugiados ucranianos.  

"Estamos preparados para receber crianças e jovens nas escolas e os estudantes nas universidades polonesas", disse nesta quarta-feira o ministro da Educação, Przemyslaw Czarnek.  

A comissária do Interior da UE, Ylva Johansson, afirmou à AFP que a Comissão Europeia está disposta a fornecer apoio econômico à Polônia se necessário, assim como ajuda da agência europeia de asilo, da Europol e da agência de fronteiras da UE, a Frontex.  

Romênia e Eslováquia

A Eslováquia, que compartilha sua fronteira oriental com a Ucrânia, também tem planos para enfrentar "uma possível pressão dos refugiados", disse o ministro da Defesa, Jaroslav Nad, nesta quarta-feira.

O ministro do Interior, Roman Mikulec, revelou que há quatro campos de refugiados que poderiam receber os solicitantes de asilo ucranianos.  

"Se a situação exigir, também podemos utilizar as instalações de alojamento existentes no ministério do Interior e outros ministérios", afirmou.  

A Romênia, um dos países mais pobres da Europa, não acredita que muitos ucranianos vão fugir para seu território em caso de conflito, mas está preparada para acolher meio milhão.  

"Este é o número para o qual estamos preparados", disse na terça-feira o ministro da Defesa, Vasile Dancu.  

O país poderia criar centros de acolhida, especialmente nas principais cidades ao longo de seus 650 quilômetros de fronteira com a Ucrânia, segundo o ministro.  

Situação imprevisível

A Hungria, cujo primeiro-ministro Viktor Orban é conhecido pela sua linha dura contra a imigração, também parece disposta a receber refugiados ucranianos.  

"Em caso de guerra, centenas de milhares, até mesmo milhões de refugiados chegariam da Ucrânia e reformulariam fundamentalmente a situação política e econômica da Hungria", afirmou Orban recentemente.

"Estamos trabalhando pela paz, mas é claro que os órgãos estatais designados começaram os preparativos", acrescentou.

O Conselho Norueguês para os Refugiados alertou no início do mês que se o conflito se intensificar e deslocar milhões de pessoas, os grupos humanitários teriam dificuldades para atender suas necessidade, inclusive parcialmente.  

"Seria uma loucura lançar uma nova guerra cataclísmica no mundo", disse então seu secretário-geral, Jan Egeland. 

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