Palestinos correm para o mar após ajuda humanitária cair de avião em Gaza
Lançamentos ocorrem em meio aos crescentes alertas de grupos de ajuda sobre as restrições em suas capacidades de distribuição de alimentos no enclave
Uma multidão de palestinos se reuniu na costa da Faixa de Gaza nesta segunda-feira para receber ajuda humanitária que chegava de avião quando parte dos suprimentos caiu no mar. Imagens divulgadas nas redes sociais mostram que algumas pessoas entraram na água para tentar recuperar os alimentos, e outras embarcaram em pequenos barcos. As doações eram enviadas por aeronaves jordanianas e francesas.
A Jordânia intensificou a coordenação com parceiros internacionais para lançar alimentos e outros suprimentos para civis do enclave nesta semana, enquanto grupos de ajuda alertam sobre as crescentes restrições em suas capacidades de distribuição de alimentos. Nesta terça-feira, aviões dos Emirados Árabes Unidos e do Egito se juntaram à operação jordaniana ao longo da costa. Foi a primeira vez que Cairo lançou ajuda para Gaza desde o início da guerra com Israel, em 7 de outubro.
Grupos de ajuda geralmente lançam suprimentos por ar apenas como último recurso, dada a ineficiência e o custo relativo do método em comparação com entregas por estrada, além dos perigos de navegar no espaço aéreo de uma zona em conflito e do risco para pessoas que poderiam ser potencialmente atingidas conforme os suprimentos caem no chão. Na segunda, parte das doações foram lançadas de paraquedas sobre o mar, mas o Exército jordaniano afirmou que, na terça, as aeronaves precisaram voar em uma altitude baixa para realizar a entrega.
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Apesar das limitações dos lançamentos aéreos, a França disse que estava intensificando seu trabalho com a Jordânia porque a “situação humanitária em Gaza é absolutamente urgente”. Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores francês ressaltou que há um número “crescente de civis em Gaza morrendo de fome e doenças”, e que há necessidade de mais vias para entregas de ajuda, incluindo o porto de Ashdod em Israel, ao norte de Gaza.
Alla Fayad, um estudante de medicina veterinária que filmou a cena na praia, disse ao New York Times que a ajuda não era suficiente. Ele afirmou que “foi triste ver as pessoas correndo e se aglomerando para pegar ajuda”. Segundo o governo francês, o avião da Força Aérea do país lançou mais de duas toneladas de alimentos e suprimentos de higiene. A quantidade, no entanto, é menor do que o que pode ser transportado em uma única carga de caminhão, e representa apenas uma fração do que a ONU diz ser necessário para os 2,3 milhões de residentes em Gaza.
A Jordânia começou a lançar ajuda em novembro, e desde então fez uma dúzia de missões, principalmente para abastecer hospitais de campanha no enclave. Ao menos uma missão de lançamento conjunto foi realizada com a França em janeiro, uma com os Países Baixos em fevereiro e uma com a Grã-Bretanha na semana passada. Em lançamentos aéreos anteriores, a Jordânia disse ter coordenado seus esforços com as autoridades israelenses, que insistiram em inspecionar toda a ajuda. O Exército de Israel confirmou a aprovação do lançamento desta segunda.
Os apelos por lançamentos aéreos coordenados internacionalmente se intensificaram à medida que os grupos de ajuda passaram a alertar que a crise de fome em Gaza está atingindo um ponto crítico. Na última semana, o Programa Mundial de Alimentos suspendeu a entrega de suprimentos para o norte do enclave. Como justificativa, afirmou que, apesar das necessidades da região, não podia operar com segurança em meio a tiroteios e ao “colapso da ordem civil”. Outras agências da ONU também têm alertado que seu acesso ao norte de Gaza está sendo impedido pelas autoridades israelenses, algo que Israel nega.