Manifestação

Panamá registra novos protestos e bloqueios contra aumento de combustível

Governo tenta negociação para crise sem precedentes

Manifestantes bloqueiam rodovias em protesto contra o aumento da inflação e a corrupção no Panamá Manifestantes bloqueiam rodovias em protesto contra o aumento da inflação e a corrupção no Panamá  - Foto: Rogelio Figueiroa / AFP

Novas manifestações e bloqueios pacíficos de vias aconteceram no Panamá, nesta sexta-feira (15), em protesto contra o aumento da inflação e a corrupção, enquanto o governo busca negociar com sindicatos a saída para uma crise sem precedentes.

Na Cidade do Panamá, trabalhadores da construção do sindicato Suntracs, o maior do país, se manifestaram por várias ruas e avenidas, algumas das quais foram parcialmente interditadas ao trânsito de veículos com barricadas.

"Aqui estamos em outra jornada de luta das muitas que estamos dispostos a seguir fazendo se o governo inepto de [o presidente Laurentino] Cortizo não escuta o povo", disse Gregorio Gurrel, do Suntracs, segundo um vídeo publicado nesta sexta pelo sindicato.

Na via Pan-Americana, que liga o Panamá com a América Central e é vital para o transporte, o comércio e a distribuição de mercadorias para a Cidade do Panamá, os bloqueios de caminhões também continuaram, deixando milhares de pessoas presas.

O país centro-americano vive uma de suas maiores crises sociais desde que, em 1989, caiu a ditadura militar do general Manuel Antonio Noriega após a invasão dos Estados Unidos.

O descontentamento se produz em um cenário de 4,2% de inflação interanual registrado em maio, uma taxa de desemprego de em torno de 10% e um aumento no preço do combustível de 47% desde o início do ano.

A situação provocou o desabastecimento de combustível em algumas áreas do país, enquanto a maioria dos postos de venda ao público do principal mercado de alimentos da Cidade do Panamá se viram obrigados a fechar por falta de produtos.

Em uma tentativa de acalmar os ânimos, Cortizo anunciou a redução e o congelamento dos preços dos combustíveis, que passou de 5,17 dólares o galão de gasolina (3,78 litros) para 3,95 a partir desta sexta, e de uma dezena de alimentos.

No entanto, os sindicatos rechaçam essas medidas e se negaram a comparecer a uma mesa de diálogo instalada pelo governo com mediação da igreja católica.

"Esta geração não tinha vivido uma crise da magnitude desta que hoje domina o nosso país", assinalou nesta sexta-feira o ex-presidente panamenho, Martín Torrijos.

"A convulsão social que estamos vivendo não é o produto de um fato isolado ou dos aumentos conjunturais de combustível e alimentos. É a acumulação no tempo de demandas desatendidas [...] e uma deterioração evidente da qualidade de vida dos panamenhos", acrescentou.

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