Coronavírus

Pandemia avança no Brasil e cresce temor de segunda onda no mundo após flexibilização

Com o triste recorde de mais de 54.000 infectados em 24 horas, o Brasil superou na sexta-feira a marca de um milhão de casos diagnosticados

Pessoas caminhando nas ruas de São Paulo após reaberturaPessoas caminhando nas ruas de São Paulo após reabertura - Foto: Nelson Almeida / AFP

O coronavírus se propaga de maneira implacável pela América Latina, com Brasil e México à frente, com novos recordes diários de contágios, enquanto o mundo observa com preocupação os novos focos que surgem em plena flexibilização do confinamento.

A Europa, que avança no retorno a uma certa normalidade, superou a barreira de 2,5 milhões de contágios, mais da metade deles na Rússia, Reino Unido, Espanha Itália e França, com 192.158 mortes, de acordo com um balanço atualizado neste sábado pela AFP com base em fontes oficiais. A Europa continua sendo o continente mais afetado pela pandemia. A América Latina, no entanto, é a região onde a doença avança de modo mais rápido atualmente. 

Com o triste recorde de mais de 54.000 infectados em 24 horas, o Brasil superou na sexta-feira a marca de um milhão de casos diagnosticados, uma barreira que só havia sido superada pelos Estados Unidos. O país, o segundo do mundo mais afetado pela epidemia, registra quase 49.000 vítimas fatais.
 



O México também informou um número vertiginoso de contágios: mais de 5.000 novos casos confirmados nas últimas 24 horas, elevando o total a mais de 170.000 infectados. O país registra mais de 20.000 mortes. 

Reabertura adiada
Na Cidade do México, que programava a reabertura de mercados, restaurantes e outros estabelecimentos para a próxima segunda-feira, as autoridades prorrogaram o fechamento por mais uma semana. O Chile superou 4.000 mortes e Santiago é a quarta cidade com mais casos confirmados no mundo.

Estados Unidos, país mais afetado pela pandemia com mais de 119.000 mortes, registraram 705 vítimas fatais nas últimas 24 horas, o nono dia consecutivo com menos de 1.000 óbitos diários. Apesar da queda dos números diários na comparação com o pico de abril, mais de 20 estados americanos registraram aumento de casos nos últimos dias. O vírus continua provocando um impacto no sul e oeste do país.

O temor do retorno da doença também envolve os protestos antirracistas que sacudiram o país durante semanas e o retorno dos comícios de campanha do presidente de Donald Trump, com um grande comício previsto para este sábado em Oklahoma.

Prudência
Os países europeus prosseguem com as fases de flexibilização do confinamento, entre os temores de novos focos da doença. Os franceses retornarão aos cinemas e à prática de esportes em equipe a partir de segunda-feira. Mas os estádios só devem ser reabertos em 11 de julho. Também reabrirão as portas os centros de férias, cassinos e salas de jogos, com "respeito às regras sanitárias rigorosas", afirmou o governo. 

O primeiro-ministro Edouard Philippe, no entanto, insistiu que é necessário ter "prudência" para tentar retomar as atividades "nas melhores condições" e descartou a possibilidade de um novo confinamento no caso de uma segunda onda de contágios. Na cidade italiana de Bérgamo, uma das mais afetadas pela pandemia, o futebol se tornou o melhor antídoto para superar a tragédia. 

No domingo, a partida entre Atalanta e Sassuolo permitirá à localidade, considerada uma cidade mártir, dar um passo a mais rumo à normalidade."Há um desejo de futebol, sem esquecer aqueles que nos deixaram. Entre amigos e conhecidos, perdi 40 pessoas. O futebol ajuda, não a esquecer, mas a curtir um pouco", declarou Marino Lazzarini, presidente da associação Amigos da Atalanta.

"Fase perigosa"
A tentativa de volta a normalidade se mistura com os pedidos de cautela dos governos. As autoridades de saúde italianas recomendaram "prudência" depois de constatar na semana passada "sinais de alerta sobre a transmissão" do coronavírus, em particular em Roma.

A epidemia viral provocou oficialmente mais de 34.500 mortes no país. O apelo das autoridades italianas coincide com o alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que o mundo entrou em uma "fase perigosa" com a flexibilização progressiva do confinamento e a redução das restrições.

"O vírus segue com uma propagação rápida e continua sendo letal. A maioria das pessoas continuam expostas", advertiu o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, antes de destacar que na quinta-feira a organização registrou o número recorde de mais de 150.000 novos casos em um dia. Os estragos da pandemia, que provocou quase 460.000 mortes e mais de 8,6 milhões em todo o planeta, abalam diversos setores.

O choque econômico da pandemia está provocando um grande retrocesso no emprego das mulheres, que perdem os postos de trabalho, são demitidas ou se veem obrigadas a cuidar por mais tempo das crianças que os homens. As mulheres estão mais presentes nos empregos precários ou nos setores especialmente afetados pelas medidas de confinamento implantadas para lutar contra o coronavírus, como restaurantes, hotéis, organização de eventos, salões de beleza, entre outros.

 

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