Pandemia de Covid-19 agravou fome no mundo, afirma agência especializada da ONU
Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) diz que 45 países precisam de assistência alimentar externa
A fome no mundo se agravou, devido às consequências da pandemia de coronavírus - advertiu nesta quinta-feira (3) a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).
A agência especializada da ONU, que tem sede em Roma e que elabora a cada trimestre um índice dos preços dos alimentos e analisa os avanços na luta contra a fome no mundo, calcula que 45 países precisam atualmente de assistência alimentar externa.
"As repercussões da pandemia de covid-19, em particular no que diz respeito à perda de renda, são um fator importante para os níveis de insegurança alimentar mundial", afirma a FAO em seu relatório trimestral "Perspectivas de colheitas e situação alimentar", publicado nesta quinta-feira.
"A pandemia está agravando e intensificando as já frágeis condições provocadas por conflitos, pragas e perturbações meteorológicas, como os recentes furacões na América Central e as inundações na África", destacou a organização.
Entre os 45 países mais afetados que precisam de ajuda, 34 estão na África. A lista conta ainda com Haiti e Venezuela. Em um relatório apresentado na quarta-feira no Chile, a FAO calcula que 47,7 milhões de pessoas sofreram fome durante 2019 na América Latina, um agravamento que implicou um aumento de mais de 13 milhões de pessoas nos últimos cinco anos e que "será aprofundado" este ano pelo coronavírus.
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De acordo com o relatório da agência das Nações Unidas, o índice de preços dos alimentos no mundo aumentou "bruscamente", atingindo em novembro o "nível mais elevado em seis anos".
"O aumento mensal foi o mais pronunciado desde julho de 2012 e deixou o índice em seu nível mais elevado desde dezembro de 2014", calculam os analistas da organização, que monitoram os preços dos alimentos mais comercializados em escala mundial.
"Todos os subíndices aumentaram em novembro", afirmaram, com destaque para os preços dos óleos vegetais, com alta "expressiva" de 14%, em função da contração dos estoques mundiais.
Os cereais registraram alta de 2,5%, incluindo trigo e milho. O índice de preços do açúcar aumentou 3,3% na comparação com o mês passado ante as crescentes expectativas de um déficit da produção mundial na próxima temporada de comercialização.
O preço dos laticínios aumentou 0,9%, "nível mais elevado dos últimos 18 meses", assim como o da carne, que também subiu 0,9% na comparação com outubro.