Pandemia foi 'sem dúvida pior' nas Américas em 2021, segundo Opas
A diretora da organização, Carissa Etienne, disse em uma coletiva de imprensa que o segundo ano da pandemia marcou e desafiou o continente americano
A pandemia da Covid-19 nas Américas foi "sem dúvida pior" em 2021, quando a região registrou três vezes mais infecções e mortes do que no ano anterior, disse a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) nesta quarta-feira (15).
A diretora da organização, Carissa Etienne, disse em uma coletiva de imprensa que o segundo ano da pandemia marcou e desafiou o continente americano.
"Quando comparamos 2020 com 2021, este ano foi sem dúvida pior", disse. "Vimos o triplo do número de infecções por Covid e mortes neste segundo ano de pandemia do que em 2020".
“Os hospitais estavam operando no limite, medicamentos e suprimentos vitais estavam em falta e nossos sistemas de saúde foram colocados à prova como nunca antes”, acrescentou.
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O primeiro caso de Covid-19 nas Américas foi identificado em 21 de janeiro de 2020, nos Estados Unidos. Desde então, mais de 98 milhões de pessoas na região sofreram da doença e mais de 2,3 milhões morreram, segundo dados oficiais compilados pela Opas.
O continente americano foi especialmente atingido pelo novo coronavírus, concentrando mais de um terço de todas as infecções e uma em cada quatro mortes por Covid-19 relatadas em todo o mundo.
Etienne disse que na semana passada, as Américas relataram mais de 926.000 novas infecções, um aumento de 18,4% nos casos em relação às semanas anteriores.
O ressurgimento de casos foi registrado em particular nos Estados Unidos e Canadá, bem como no Panamá, onde houve um aumento "constante" das infecções no último mês. Equador, Paraguai, Uruguai e Trinidade e Tobago também tiveram uma nova alta.
Ômicron em oito países
A variante delta continua predominando em todas as sub-regiões das Américas.
Mas a nova cepa ômicron, registrada pela primeira vez na África do Sul em 24 de novembro e suspeita de ser de duas a três vezes mais transmissível do que a delta, já foi identificada em oito países e um território: Estados Unidos, Canadá, México, Argentina, Chile, Brasil, Cuba, Trinidade e Tobago, e Bermudas.
"Até agora, os casos de ômicron estiveram associados majoritariamente a viajantes", explicou Sylvain Aldighieri, gerente de incidentes da Opas. "Os dados de transmissão comunitária sustentada ainda são muito limitados".
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou na terça-feira que a ômicron estava se espalhando em um ritmo sem precedentes e provavelmente já estivesse presente na maioria dos países.
Aldighieri pediu prudência em relação a informações de casos leves da ômicron, instando os serviços de saúde a se prepararem para um eventual aumento dos contágios de Covid nas próximas semanas.
"A melhor forma de combater todas as variantes é que os países continuem trabalhando para vacinar todas as populações elegíveis e continuem promovendo as medidas de saúde pública que podem limitar a transmissão", declarou Etienne, pedindo que não se baixe a guarda durante as festas de fim de ano.
Avanços na Nicarágua
A vacinação contra a Covid-19 avança nas Américas: dos 51 países e territórios da região, 32 já alcançaram a meta fixada pela OMS de cobertura vacinal de 40% até o fim de 2021.
No entanto, Haiti, Jamaica, São Vicente e Granadinas, Guatemala, Guiana Francesa, Santa Lúcia e Montserrat reportam taxas abaixo de 30%.
"Alguns países da nossa região, como Chile, Cuba, Uruguai e Canadá têm uma das coberturas de vacinação mais altas do mundo. E, no entanto, milhões de pessoas na nossa região ainda não receberam uma única dose", afirmou Etienne.
"A desigualdade no acesso às vacinas continua dividindo a nossa região e se não abordarmos as brechas evidentes, não conseguiremos controlar este vírus", alertou.
O vice-diretor da Opas, Jarbas Barbosa, ressaltou o avanço da imunização na Nicarágua, que há um mês tinha uma taxa de cobertura inferior a 10% e hoje chega a 37,9%.
"A situação na Nicarágua mudou muito, de forma positiva. É muito importante reconhecer este esforço", ressaltou, destacando o trabalho da Opas com o governo nicaraguense para a distribuição de doações de doses de Estados Unidos, Espanha, Japão e outros países por intermédio do mecanismo global Covax.
Barbosa reforçou, no entanto, a situação "muito crítica" no Haiti, onde, segundo dados publicados pela Opas, a taxa de vacinação é de apenas 0,6%.