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Papa chega ao G7 para discutir os desafios da inteligência artificial

Ele é um convidado incomum para este tipo de cúpula e apresentará aos líderes mundiais a sua visão sobre inteligência artificial

Papa chega ao G7 para discutir os desafios da inteligência artificialPapa chega ao G7 para discutir os desafios da inteligência artificial - Foto: Mandel Ngan/AFP

O papa Francisco se tornará, nesta sexta-feira (14), o primeiro chefe da Igreja Católica a participar da reunião das sete democracias mais ricas do mundo, com um encontro em que falará sobre inteligência artificial.

Francisco, de 87 anos, chegou ao meio-dia de helicóptero em Borgo Egnaza, um resort de luxo na região da Apúlia, no sul da Itália, onde acontece a cúpula do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e o Reino Unido).

Ele é um convidado incomum para este tipo de cúpula e apresentará aos líderes mundiais a sua visão sobre inteligência artificial (IA) e "algor-ética" (a ética dos algoritmos), uma questão que preocupa o Vaticano.

Ele também tem previstas dez reuniões bilaterais com os líderes dos Estados Unidos, Brasil, Índia, Ucrânia e Turquia, entre outros.

A Santa Sé cercou-se de especialistas em IA para estudar o seu impacto, alguns deles referência neste campo, como o pesquisador britânico Demis Hassabis, diretor do Google DeepMind, empresa pioneira no setor.

Tensões com a China
Os países do G7 também abordam, nesta sexta-feira, no segundo dia da sua cúpula anual, as tensões comerciais com a China, para proteger as indústrias dos países ricos e evitar uma guerra comercial aberta com o gigante asiático.

O G7, que também inclui a União Europeia como oitavo membro informal, busca uma resposta comum ao suposto apoio da China à expansão militar da Rússia que, segundo Washington, alimenta a guerra na Ucrânia.

Neste sentido, um esboço da declaração final, a qual a AFP teve acesso, apela à China para "parar de transferir (...) componentes de armas e equipamentos que alimentam o setor de defesa russo".

As tensões comerciais com a China estão aumentando e esta semana a UE anunciou planos para impor novas tarifas aos veículos elétricos chineses.

O esboço fala de "preocupação" com políticas comerciais que causam "repercussões globais, distorções de mercado e excesso de capacidade prejudicial em uma gama crescente de setores".

Pequim denuncia o que considera um "comportamento protecionista descarado" e não descarta apresentar uma queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC).

A China é acusada de subsidiar com dinheiro público produtos como painéis solares e veículos elétricos que são vendidos muito mais baratos e são considerados concorrência desleal.

É uma ameaça para as empresas ocidentais que lutam para competir no crescente setor da tecnologia verde.

Na frente diplomática, o G7 também se opõe às "perigosas" incursões chinesas no Mar da China Meridional, de acordo com esboço da declaração final.

Milei e Lula 
A primeira-ministra italiana, Georgia Meloni, que assumiu este ano a presidência rotativa do G7, convidou outros líderes estrangeiros para a reunião, incluindo o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente argentino, Javier Milei.

Lula já está na Itália e terá algumas reuniões bilaterais, incluindo um encontro com o presidente francês, Emmanuel Macron.

Em entrevista ao jornal italiano La Repubblica publicada nesta sexta-feira, Lula pediu a adoção de uma tarifa os super-ricos, alegando que "um imposto de 2% ajudaria a eliminar a fome no mundo". Também defendeu a criação de um "grupo de trabalho" para o combate à fome e à pobreza a nível global.

Milei também está em Apúlia, onde discursará junto com o papa na sessão sobre inteligência artificial e tem um encontro marcado com Kristalina Georgieva, diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O FMI aprovou na quinta-feira a liberação imediata de cerca de 800 milhões de dólares (R$ 4,3 bilhões) à Argentina, uma boa notícia para o governo Milei, mas alertou que ainda deve "melhorar a qualidade do ajuste fiscal".

O G7 também esteve envolvido em controvérsias devido à ausência na declaração final de uma referência direta ao direito ao aborto, menção à qual a Itália, que detém a presidência temporária do grupo, se opôs, segundo o projeto consultado pela AFP.

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