Papa diz a Trump que deportação em massa 'atenta contra a dignidade' dos migrantes
O pontífice diz que o banimento dessas pessoas "as coloca em um estado de especial vulnerabilidade e falta de proteção"
O papa Francisco condenou nesta terça-feira (11) as deportações de migrantes irregulares realizadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, uma "importante crise" que, segundo ele, "atenta contra a dignidade" das pessoas.
Em uma carta dirigida aos arcebispos dos Estados Unidos e publicada pelo Vaticano, o jesuíta argentino pediu que eles "não cedam às narrativas que discriminam e causam sofrimento desnecessário aos nossos irmãos e irmãs migrantes e refugiados".
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O pontífice de 88 anos tem defendido repetidamente os direitos dos migrantes durante seus 10 anos como chefe da Igreja Católica.
"Acompanhei de perto a importante crise que está ocorrendo nos Estados Unidos em relação ao início de um programa de deportações em massa", escreveu na carta.
No documento, o papa reconhece "o direito de uma nação de se defender e manter suas comunidades seguras daqueles que cometeram crimes violentos ou graves enquanto estavam no país ou antes de chegarem".
Mas alerta que a deportação de "pessoas que em muitos casos deixaram sua própria terra por motivos de pobreza extrema, insegurança, exploração, perseguição ou pela grave deterioração do meio ambiente, atenta contra a dignidade de muitos homens e mulheres, de famílias inteiras, e os coloca em um estado de especial vulnerabilidade e falta de proteção".
Pouco antes da posse de Trump, Francisco havia alertado que o plano do republicano referente à deportação em massa de migrantes irregulares seria uma "desgraça".
"Esta não é uma questão menor: um autêntico estado de direito é verificado precisamente no tratamento digno que todas as pessoas merecem, especialmente as mais pobres e marginalizadas", escreveu o papa em sua carta.
"Isto não é obstáculo para promover o amadurecimento de uma política que regule a migração ordenada e legal. No entanto, o referido 'amadurecimento' não pode ser construído por meio do privilégio de uns e do sacrifício de outros", enfatizou.