Papa Francisco afirma que 'há muito o que fazer' contra os abusos a menores
"O abuso sexual de crianças é particularmente grave", disse
O papa Francisco reconheceu nesta sexta-feira (29) que as mudanças praticadas pelo órgão assessor para a prevenção do abuso sexual na Igreja representam "um novo começo" na luta contra os sacerdotes pedófilos, mesmo admitindo que "há muito o que fazer".
"O abuso sexual de crianças é particularmente grave, porque traumatiza a vida em desenvolvimento", insistiu o papa diante dos membros desse órgão de consultoria, criado pelo próprio Francisco em 2014 para ajudar a Igreja "a proteger do abuso as crianças, jovens e adultos vulneráveis".
Satisfeito pela queda do número de atos de violência sexual cometidos pelos religiosos, o pontífice argentino pediu que a Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores anualmente elabore um relatório sobre os esforços que a Igreja realizou nesse âmbito para ter "informação fidedigna sobre o que está acontecendo e o que há para mudar".
Leia também
• Papa faz apelo à paz nesta 'Páscoa da guerra'
• Papa reza pela paz na Via-Sacra da Sexta-feira Santa no Coliseu de Roma
• 'Mundo está em guerra', lamenta o papa Francisco
"Se não avançar, os fiéis seguirão perdendo fé em seus pastores" alertou.
Granças à nova "constituição" para o governo da Santa Sé, que entrará em vigor em junho e a reimplantará a promulgada pelo papa João Paulo II em 1998, o órgão terá um peso maior.
Fruto de nove anos de trabalho, o texto prevê a integração dessa comissão ao dicastério (ministério) que supervisionava as investigações canônicas dos casos de abusos sexuais cometidos pelo clero, transformando-o em um órgão oficial da Cúria romana, o governo central do Vaticano.
"Sementes importantes foram plantadas (...), mas ainda há muito o que fazer" disse o papa, ao considerar que esse texto marca "um novo começo".
"Depende de vocês ampliar o alcance desta missão, para que a proteção e o cuidado dos abusados se transforme em norma, em todas as esferas da vida da Igreja", disse.
"Alguns acreditam que essa convivência pode comprometer a liberdade de pensamento e ação da entidade, ao diminuir a importância dos temas que tratam. Essa não é a minha intenção", explicou em referência às críticas por uma eventual perda de independência da comissão.
O papa convidou a comissão a "propor os melhores métodos" para a luta contra este flagelo, "tendo em vista que a justiça e a prevenção são complementares".
Francisco "tem outorgado a comissão um mandato "muito claro" e deseja "que garantissemos que a porta esteja sempre aberta para todos aqueles que chamem pela Igreja", declarou Sean O'Malley, cardeal norte-americano, presidente da entidade, durante uma coletiva de imprensa.
A comissão, de que fazem parte também nomes como o alemão Hans Zollner, o bispo auxiliar de Bogotá, Luis Manuel Alí Herrera e o chileno Juan Carlos Cruz, foi recebida nesta sexta-feira no Vaticano pelo papa para uma audiência privada.