Papa Francisco é hospitalizado por "infecção respiratória"
As audiências dos próximos dias foram canceladas e não se sabe se Francisco poderá celebrar a missa do Domingo de Ramos
O papa Francisco, de 86 anos, foi internado nesta quarta-feira (29) no hospital Gemelli, em Roma, onde permanecerá "vários dias" devido a uma "infecção respiratória", indicou o Vaticano.
O pontífice precisou ser "submetido a exames médicos pois nos últimos dias vinha se queixando de dificuldades respiratórias", disse em comunicado o diretor da secretaria de imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni.
Exames médicos "evidenciaram uma infecção respiratória (excluída a Covid-19), que exigirá vários dias de tratamento médico hospitalar adequado", explicou.
A hospitalização inesperada do pontífice argentino gerou dúvidas sobre o seu real estado de saúde.
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As audiências dos próximos dias foram canceladas e não se sabe se Francisco poderá celebrar a missa do Domingo de Ramos, em 2 de abril, e as cerimônias da Semana Santa que costuma liderar.
"O papa Francisco está comovido com as numerosas mensagens recebidas e expressa sua gratidão pela solidariedade e oração", ressaltou o Vaticano.
A conferência episcopal italiana foi uma das primeiras a enviar a Francisco uma mensagem de "rápida recuperação", e convidou as pessoas a rezar pela saúde do pontífice.
Fontes do centro médico informaram que o religioso chegou em uma ambulância após apresentar problemas cardíacos e respiratórios, e que passou por uma tomografia computadorizada.
Francisco, que comemorou 10 anos de pontificado em março, participou da audiência geral na manhã desta quarta-feira na Praça de São Pedro, durante a qual apareceu sorrindo, enquanto cumprimentava os fiéis de seu "papamóvel".
No entanto, segundo os fotógrafos da AFP, ele se movimentava com dificuldade e parecia sentir fortes dores.
Jorge Mario Bergoglio, que adotou o nome Francisco ao ser escolhido para liderar a Igreja Católica, usa cadeira de rodas desde maio de 2022 devido a uma artrite no joelho direito.
Em julho de 2021, passou 10 dias no hospital Gemelli para uma delicada operação de cólon.
O papa explicou mais tarde que este procedimento o deixou com "sequelas", então decidiu descartar a cirurgia no joelho, conforme aconselhado por seus médicos.
O mundo já sabia de seus diversos problemas de saúde pelo fato de sofrer de uma dor ciática crônica que o força a mancar, motivo pelo qual teve que renunciar a cerimônias oficiais em algumas ocasiões.
O hospital Gemelli é o centro médico onde o papa João Paulo II também foi hospitalizado em várias ocasiões e teve um tumor benigno no cólon removido em 1992.
Especulações e segredos
Em entrevistas concedidas nos últimos meses, o papa latino-americano evocou a possibilidade de renunciar, tal como fez em 2013 seu antecessor, Bento XVI, que morreu no final de
2022.
Em julho do ano passado, confessou que "já não podia viajar" com o mesmo ritmo de antes e inclusive mencionou que poderia se afastar. Em fevereiro, explicou que a renúncia de um papa "não deve virar moda" e que essa ideia "no momento" não estava em sua agenda.
Há um ano, ele conta com um "assistente pessoal de saúde" permanente - uma enfermeira.
A saúde dos papas tem sido sempre uma "matéria reservada" para o Vaticano e mantida geralmente em segredo.
O médico e jornalista argentino Nelson Castro, amigo de Bergoglio desde que era arcebispo de Buenos Aires, apresentou recentemente em Roma um livro sobre a saúde dos papas e as doenças sofridas por eles desde Leão XIII (1878-1903) e falou em particular sobre o assunto com Francisco.
Ele disse a Castro que havia se "recuperado por completo" e que "não havia se sentido limitado desde então".
Também confessou que quando residia na Argentina tratou de dores nas costas com acupuntura chinesa, que sofria de "cálculos na vesícula biliar" e que, em 2004, teve um problema cardíaco "temporário" devido a um ligeiro estreitamento de uma artéria.