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SAÚDE

Papa Francisco respira sem assistência e tem um coração que "resiste muito bem", diz Vaticano

Francisco está internado desde sexta-feira no hospital Gemelli, em Roma

Papa Francisco criticou ataque aéreo israelense na Faixa de GazaPapa Francisco criticou ataque aéreo israelense na Faixa de Gaza - Foto: Filippo Monteforte/AFP

O Papa Francisco está respirando sem assistência mecânica, consegue ficar de pé e seu coração está "resistindo muito bem", informou o Vaticano nesta quarta-feira, em um momento de crescente preocupação com a saúde do Pontífice de 88 anos, diagnosticado com pneumonia bilateral na terça-feira.

Francisco, que está internado desde sexta-feira no hospital Gemelli, em Roma, passou por uma tomografia de tórax ontem, que mostrou a pneumonia. Ele continua apresentando um "quadro clínico complexo" que requer tratamento médico adicional, de acordo com o último boletim médico publicado na noite de terça-feira.

O Vaticano tentou transmitir uma mensagem tranquilizadora nesta quarta-feira. O Papa "passou uma noite tranquila, acordou e tomou café da manhã", disse o porta-voz da Santa Sé, Matteo Bruni, aos repórteres.

 

— O Papa está respirando por conta própria. Seu coração está aguentando muito bem — disse uma fonte do Vaticano.

Segundo esta fonte, Francisco pode levantar-se e sentar-se numa poltrona. Ele respira sem assistência mecânica, mas não está descartado que ele a utilize em algum momento. O jesuíta argentino também tem trabalhado do hospital — nos últimos dias ele falou por telefone com a paróquia de Gaza, por exemplo.

O anúncio da pneumonia, uma infecção potencialmente fatal do tecido pulmonar, reacendeu a preocupação com a saúde do chefe da Igreja Católica — que sofre de problemas respiratórios e teve o lobo pulmonar direito removido quando era jovem. A saúde em declínio do Pontífice também vem sendo posta à prova por uma agenda sobrecarregada e um ritmo de trabalho pesado que ele se recusa a diminuir.

Após sua admissão na sexta-feira, a Santa Sé inicialmente cancelou sua agenda até quarta-feira, mas na terça-feira anunciou o cancelamento de sua audiência jubilar no sábado e especificou que o Papa também não presidiria a missa no domingo.

O Vaticano também se preocupa com informações falsas que circulam sobre a saúde do Pontífice. Uma série de publicações nas redes sociais, especialmente no X, relataram a morte do Papa em vários idiomas.

"Energia vital extraordinária"
Apesar dos repetidos problemas de saúde nos últimos anos, incluindo problemas no quadril, dores no joelho que o obrigam a usar cadeira de rodas, operações e infecções respiratórias, Jorge Bergoglio manteve uma agenda ocupada e declarou que não tinha intenção de desacelerar. Os médicos insistem que ele talvez tenha que diminuir um pouco o ritmo de suas atividades.

A hospitalização de Francisco, a quarta em menos de quatro anos, reacendeu o debate sobre sua saúde, especialmente porque sua admissão ocorre no início do ano jubilar da Igreja Católica, que envolve uma longa lista de eventos, muitos deles presididos pelo papa.

Antes de sua admissão no hospital na sexta-feira, ele foi visto em público diversas vezes, com o rosto inchado, a voz embargada, e em mais de uma ocasião delegou a leitura de seus discursos a seus assessores. Segundo o teólogo jesuíta Antonio Spadaro, próximo do Papa, Francisco pode ficar hospitalizado por duas a três semanas.

— É claro que a situação é delicada, mas não vi nenhuma forma de alarmismo — disse ele ao jornal Il Corriere della Sera. — [O Papa] tem uma energia vital extraordinária. Não é alguém que se descuida, não é um homem resignado.

Conhecido por sua energia, Francisco prefere permanecer muito ativo, sem aliviar sua agenda ocupada. Em setembro de 2024, ele empreendeu uma viagem de 12 dias por quatro países da Ásia e Oceania, a viagem mais longa de seu papado em duração e distância.

Desde sua eleição, o jesuíta sempre deixou em aberto a opção de renunciar caso sua saúde o impedisse de continuar a exercer suas funções, assim como fez seu antecessor, Bento XVI, o primeiro papa desde a Idade Média a renunciar, alegando problemas de saúde.

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