Papa pede aos jovens que se conectem, mas com Deus e não com as redes sociais
O Pontífice fez um alerta sobre "as ilusões do mundo virtual"
O Papa Francisco fez um alerta aos jovens sobre “as ilusões do mundo virtual” e das redes sociais, durante o primeiro grande encontro com os fiéis que vieram a Lisboa para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que reuniu cerca de 400 mil pessoas, segundo estimativas da imprensa local, em um parque no coração da capital portuguesa.
— Com efeito o teu nome é conhecido, aparece nas redes sociais, é processado por algoritmos que lhe associam gostos e preferências — disse o Pontífice aos milhares de peregrinos vindos de diversos países, de acordo com o jornal português Público, e seguiu alertando:
— Quantos lobos se escondem por trás de sorrisos de falsa bondade, dizendo que conhecem quem és, mas sem te querer bem, insinuando que creem em ti e prometendo que serás alguém, para depois te deixarem sozinho, quando já não lhes fores útil. São as ilusões do mundo virtual e devemos estar atentos para não nos deixarmos enganar.
O Papa argentino, que dividiu o palco com cantores e músicos portugueses, também voltou a lembrar que a Igreja está aberta a todos e defendeu que os jovens não tenham receio de ouvir o chamado de Deus.
— Deus chama-nos precisamente nos nossos medos, nos nossos fechamentos e solidões. Não chama aqueles que se sentem capazes, mas torna capazes aqueles que chama — afirmou, segundo o Público.
Ao terminar a fala, Francisco se despediu dos fiéis com um “Adeus” em espanhol. O Papa chegou ao Parque Eduardo VII no “Papamóvel”, cercado por todo o trajeto por uma multidão que aguardava desde cedo, sob sol forte, a chegada do Santo Padre.
— Essa é a primeira vez que vou ver o Papa Francisco e estou muito emocionada — disse a estudante venezuelana Fiorella Alizo.
A JMJ é o evento mundial criado em 1986 pelo Papa João Paulo II que realiza uma série de comemorações festivas, culturais e espirituais e reúne centenas de milhares de jovens de todos os continentes. A edição de Lisboa começou na terça-feira e conta com uma intensa programação que ainda inclui uma vigília marcada para sábado à noite e uma grande missa de encerramento no domingo, onde se espera um público que pode chegar a um milhão de pessoas, segundo os organizadores.
— É muito impressionante. É intenso. A atmosfera é incrível — disse o jovem francês Geoffroy Garcia-Benito, que estava entre os que esperaram no calor pela passagem do Pontífice.
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Urgência dramática' do clima
Francisco chegou em Lisboa na quarta para uma visita de cinco dias. É a quarta vez que o pontífice participa do evento, embora sua saúde inspire preocupação. Hospitalizado três vezes desde 2021, o religioso argentino atualmente costuma se locomover em cadeira de rodas ou com o auxílio de uma bengala.
Mais cedo, na manhã desta quinta, Francisco esteve em um encontro com estudantes da Universidade Católica de Lisboa e relembrou aos jovens "a urgência dramática" do aquecimento global, além de defender o que chamou de uma "ecologia integral".
— Devemos reconhecer a urgência dramática de cuidar da casa comum. No entanto, isso não pode ser feito sem uma conversão do coração e uma mudança da visão antropológica subjacente à economia e à política — afirmou.
Francisco voltou a defender o conceito de "ecologia integral", uma marca de seu pontificado desenvolvida na encíclica "Laudato Si" (2015), dedicada à defesa do meio ambiente, que vincula ecologia e justiça social, integrando estreitamente o ser humano com a natureza.
Antes, durante um encontro que não estava na agenda oficial, o Papa se reuniu com 15 peregrinos ucranianos dos quase 500 que viajaram a Lisboa para a JMJ, informou o Vaticano. Após o evento na Universidade Católica, o pontífice visitou Cascais, uma cidade histórica que fica 30 quilômetros ao oeste de Lisboa, onde se encontrou com jovens da rede internacional de ensino 'Scholas Occurrentes'.