Papa recebe premiê da França em plena tempestade na igreja no país
Eles conversaram sobre o relatório de abusos sexuais de menores cometidos por décadas na Igreja católica na França
O papa Francisco recebeu o primeiro-ministro francês, Jean Castex, uma audiência privada de meia hora no Vaticano, nesta segunda-feira (18), durante a qual conversaram sobre o demolidor relatório sobre os abusos sexuais de menores cometidos por décadas na Igreja católica na França.
"É óbvio que falamos da situação da Igreja na França e do relatório. O discurso do papa consiste em dizer que a Igreja na França foi corajosa por ter feito seu trabalho. Ele confia em que se conseguirá tirar conclusões do caso. Está satisfeito, porque não negaram isso", disse Castex à imprensa no final da audiência, durante a qual se falaram em espanhol.
Em 5 de outubro, foi publicado um relatório independente que concluiu que mais de 216.000 menores foram vítimas de abuso sexual na França, cometidos por padres, desde 1950.
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Outro assunto que gerou tensões, recentemente, entre a Igreja Católica e o governo francês foi a ferrenha defesa do sigilo de confissão, depois que as autoridades convocaram, na semana passada, o presidente da Conferência Episcopal para pedir-lhe explicações.
"Isso não é novidade: a Igreja não vai recuar no dogma do sigilo da confissão. Mas devemos, a todo o custo, encontrar formas e meios de conciliar isso com o direito penal e com os direitos das vítimas", afirmou Castex.
O primeiro-ministro francês conversou sozinho e a portas fechadas com o sumo pontífice, em seu escritório particular, no segundo andar do palácio apostólico.
No final do encontro, houve a tradicional troca de presentes. Ao papa, Castex deu uma camisa assinada pelo argentino Lionel Messi, seu compatriota, que atualmente joga na França, assim como a primeira edição ilustrada de "O corcunda de Notre-Dame", romance de Victor Hugo, de 1836.
O papa retribuiu com um mosaico que representa os viticultores e com uma edição especial dos documentos de seu pontificado.
A visita de Castex foi planejada antes da atual polêmica, para marcar o centenário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a França e a Santa Sé.