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Papa viaja à Indonésia, primeira etapa de uma viagem por quatro países

A viagem, que terá duração de 12 dias e o levará a percorrer 32 mil quilômetros, é a mais longa e mais distante desde a sua eleição em 2013

O Papa FranciscoO Papa Francisco - Foto: Alberto Pizzoli / AFP

O papa Francisco, de 87 anos, partiu nesta segunda-feira (2) para a Indonésia, onde iniciará uma longa e exigente viagem de 12 dias que inclui também Papua-Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura.

O avião de Jorge Bergoglio partiu do aeroporto Roma-Fiumicino às 17h32 (12h32 em Brasília), segundo jornalistas da AFP a bordo, e deverá pousar em Jacarta na manhã de terça, por volta das 11h30 (01h30 no horário de Brasília).

A viagem, que terá duração de 12 dias e o levará a percorrer 32 mil quilômetros, é a mais longa e mais distante desde a sua eleição em 2013 e representa um desafio físico para o jesuíta argentino, que teve problemas de saúde recorrentes nos últimos anos.

Francisco será o terceiro papa, depois de Paulo VI em 1970 e de João Paulo II em 1989, a visitar a Indonésia, um arquipélago de 17.500 ilhas onde vivem quase oito milhões de católicos, menos de 3% da população, em comparação com o maior número de muçulmanos no planeta (242 milhões de muçulmanos, 87% da população).

Em Jacarta, uma megalópole poluída e ameaçada por enchentes, o papa pode expressar um novo grito de alarme contra o aquecimento global.

Mas a visita abordará sobretudo o diálogo entre o islã e o cristianismo, com um encontro inter-religioso marcado para quinta-feira na mesquita Istiqlal, a maior do sudeste asiático, na presença de representantes do islã, do protestantismo, do catolicismo, do budismo, do hinduísmo e do confucionismo.

O pontífice assinará uma declaração conjunta na mesquita com o grande imã da Indonésia, Nasaruddin Umar.

O documento aborda a "desumanização" ligada aos conflitos e à violência contra crianças e mulheres, assim como a proteção ambiental, afirmou o presidente da conferência episcopal da Indonésia, Antonius Subianto Bunjamin.

A mesquita Istiqlal, no centro de Jacarta, fica ao lado da Catedral de Santa Maria da Assunção e em 2020 as autoridades mandaram construir um "túnel da amizade" para ligar os dois edifícios como símbolo da fraternidade religiosa.

Nesta segunda-feira, um enorme cartaz com a mensagem "Bem-vindo, papa Francisco" foi exposto no centro da cidade, enquanto o governo publicou um selo especial em sua homenagem.

A cidade adotou importantes medidas de segurança com a mobilização de mais de 4.000 policiais.

Em Jacarta, Francisco se reunirá com o presidente em exercício, Joko Widodo, que deixará o cargo em 20 de outubro, presidirá uma missa em um estádio com capacidade para 80 mil pessoas e fará vários discursos, incluindo um diante das autoridades e do corpo diplomático.

 Diálogo 
Esta visita é "muito importante para o avanço das relações inter-religiosas" no país e no exterior, afirmou nesta segunda-feira o jornal independente indonésio Jakarta Post.

Segundo Michel Chambon, teólogo e antropólogo da Universidade Nacional de Singapura, a visita "não está realmente focada nos católicos indonésios", mas visa destacar o diálogo entre o islã e o cristianismo.

Na Indonésia, há uma discriminação crescente contra as minorias religiosas, especialmente contra os cristãos em algumas regiões.

Francisco visitou diversas vezes países de maioria muçulmana, como Iraque, Bahrein, Turquia e Marrocos, e em 2019 assinou um documento sobre a fraternidade humana com o grande imã da Universidade Al Azhar, em Abu Dhabi.

Esta é a 45ª viagem do papa argentino ao exterior. Estava inicialmente planejada para 2020, mas foi adiada devido à pandemia.

O líder dos 1,3 bilhão de católicos do mundo, que completará 88 anos em dezembro, foi submetido a uma grande operação abdominal em 2023 e sofreu várias infecções respiratórias. Ele só consegue se locomover em cadeira de rodas ou com a ajuda de uma bengala.

Apesar do esforço físico que esta viagem implicará, com 16 discursos programados, sete voos e até oito horas de 'jet lag', o Vaticano afirmou que ele será acompanhado pelo mesmo dispositivo médico de sempre, composto por um médico e duas enfermeiras.

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