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Vacinação

Para 76% dos brasileiros, vacinação contra Covid-19 está mais lenta do que deveria, diz Datafolha

A pesquisa Datafolha tem margem de erro de dois pontos percentuais

Vacina de Oxford/AstraZenecaVacina de Oxford/AstraZeneca - Foto: Fayez Nureldine/AFP

Os meses vão passando, o mundo se vacina contra a Covid-19 e nada de a sua vez, no Brasil, se aproximar –sim, porque chegar já é outra história. Você não está sozinho na angústia dos atrasos, da falta de imunizantes e do descaso com que a gestão Jair Bolsonaro (sem partido) tratou da compra do único item que pode -no futuro- devolver um pouco da normalidade da sua vida.

Pesquisa Datafolha aponta que para 76% dos brasileiros a vacinação segue em ritmo mais lento do que deveria. Para 18%, a imunização está sendo feita em velocidade adequada. Apenas 6% veem as vacinas sendo aplicadas de forma mais rápida do que deveria.

A pesquisa Datafolha tem margem de erro de dois pontos percentuais, foi feito por telefone com 2.023 pessoas de todos os estados do país nos dias 15 e 16 de março.



Até esta sexta-feira (19), haviam sido aplicadas no total 15.615.057 doses de vacina (11.492.854 da primeira dose e 4.122.203 da segunda dose ), de acordo com as informações disponibilizadas pelas secretarias de Saúde, compiladas e aferidas pelo consórcio de veículos de imprensa integrado por Folha, UOL, G1, O Estado de S. Paulo, Extra e O Globo.

Isso significa que somente 7,14% dos brasileiros maiores de 18 anos tomaram a primeira dose e só 2,56%, a segunda. No mesmo dia em que atingiu as discretas marcas de imunização, o país chegou à maior média móvel de óbitos até aqui, 2.178 mortes por dia, e completou 21 dias consecutivos de recordes desse dado.

Desde o início da pandemia, 290.525 brasileiros já morreram pela doença. Entre segunda-feira (15) e sexta, morreram 12.198 pessoas no país em decorrência da Covid-19. Assim, essa semana pode ser a pior desde o início da pandemia, assim como foi a anterior que, de segunda (8) até domingo (14), teve 12.795 mortes.

O país vive o pior momento da pandemia, sem sinais de melhoras. A inépcia e os problemas apresentados pela gestão federal na condução da pandemia fizeram com que o país passasse a ser considerado uma ameaça sanitária a seus vizinhos.

Além de ser o segundo país com mais restrições de entrada em outras nações, o Brasil ainda convive com o segundo maior número de mortes pela Covid-19 no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos –que veem sinais de desaceleração da pandemia com o avanço da vacinação.

O Datafolha também perguntou aos entrevistados quanto tempo eles acham que vai demorar para que todos os brasileiros maiores de 18 anos sejam vacinados contra a Covid-19. Para 43%, isso só deve ocorrer entre seis meses e um ano. Outros 26% acreditam que vai demorar mais do que isso e dizem estimar um prazo entre um e dois anos. Em contrapartida, os mais otimistas e os mais pessimistas aparecem em percentual igual na pesquisa.

Entre os ouvidos pelo instituto, 10% acreditam que o processo todo não levará mais de 6 meses. É o mesmo percentual dos que não veem como isso possa ocorrer em um prazo menor do que dois anos. De acordo com o painel Monitora Covid-19, da Fiocruz, mantendo-se o atual ritmo de vacinação, serão necessários mais 1.694 dias para que toda a população maior de 18 anos do país receba as duas doses do imunizante. Ou seja, apenas em 2023 a população que precisa ser imunizada neste ano terá de fato recebido as duas doses.

Ainda não há certeza sobre a duração da proteção. Isso, somado ao atual ritmo da vacinação, mostra que a angústia não parece ser infundada e a percepção de 10% dos brasileiros (os mais pessimistas) tampouco. Estudo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), publicado em fevereiro, aponta que o país precisaria vacinar cerca de 2 milhões de pessoas por dia para controlar as infecções por coronavírus em um ano.

Outro estudo, este de pesquisadores ligados à Rede de Pesquisa Solidária, feito com base em dados do Ministério da Saúde, mostra que o Brasil só conseguiu vacinar até agora um terço das pessoas que integram grupos classificados como prioritários. Enquanto isso, o país chega a seu quarto ministro da Saúde desde o início da pandemia, e sem que a gestão Bolsonaro consiga esclarecer a população quando e com quantas doses da vacina o país poderá contar neste ano.

Até a primeira semana de março, o Ministério da Saúde havia distribuído 18 milhões de doses de duas vacinas: a da AstraZeneca e a da Sinovac, que começaram a ser produzidos pela Fundação Oswaldo Cruz e pelo Instituto Butantan, com matéria-prima importada da China, respectivamente.

A pasta já anunciou outros 183 milhões de doses para os próximos meses. Parte desse total será produzida pelos dois institutos públicos e parte será importada de outros laboratórios, alguns ainda em negociação com o governo. As previsões, no entanto, têm sido revistas com frequência.

Isso seria suficiente para aplicar duas doses nas 77 milhões de pessoas dos grupos mais vulneráveis, mas não bastaria para para atingir o grau de cobertura necessário para proteger o conjunto da população em idade adulta contra a Covid.

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