Logo Folha de Pernambuco

internacional

Para "ajudar" Putin, Lula diz que vai estudar o TPI

Presidente abordou a ausência de grandes países, incluindo EUA, China, Índia e Rússia, do organismo internacional que se concentra em crimes de guerra e contra a humanidade

Lula, presidente do BrasilLula, presidente do Brasil - Foto: Reprodução/Instagram

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a provocar polêmica durante uma viagem internacional neste sábado, quando afirmou que o sancionado presidente da Rússia, Vladimir Putin, seria convidado para a próxima reunião do G20, que será sediada no Rio de Janeiro, e que ele não correria nenhum risco de ser preso no processo — ignorando que o russo é alvo de um mandado de prisão aberto no Tribunal Penal Internacional (TPI), organização internacional que tem o Brasil como signatário. Lula também questionou a participação do Brasil no TPI, dizendo que também iria estudar o porquê de algumas das maiores potências do mundo não terem aderido ao Estatuto de Roma.

"O que eu posso dizer para você é que se eu for presidente do Brasil e ele [Vladimir Putin] for para o Brasil não há porque ele ser preso, ele não será preso" afirmou Lula no sábado, em Nova Délhi. Nesta segunda-feira, o presidente recuou e disse que quem decidiria sobre uma eventual prisão de Putin seria a Justiça.

Lula também abordou diretamente sobre o TPI, diante da ausência de grandes países, incluindo do Ocidente. O argumento do líder brasileiro é de que os países emergentes são signatários de acordos e tratados que prejudicam eles mesmos e prometeu estudar a questão.

"Eu quero muito estudar a questão do Tribunal Penal. Estados Unidos não é signatário, a Rússia não é signatária. Então, eu quero saber por que o Brasil é signatário de um tribunal que os Estados Unidos não aceitam?" questionou. "Não estou dizendo que vou sair de um tribunal. Eu só quero saber por que Estados Unidos não é signatário, por que a Índia não é signatária, por que a China e a Rússia não são signatárias e por que o Brasil é signatário".

O que é o Tribunal Penal Internacional (TPI)?
O Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, emitiu uma ordem de prisão contra Putin em março, por crimes de guerra cometidos na Ucrânia, citando a "deportação ilegal" de crianças ucranianas. Com a decisão, o russo se tornou o quarto chefe de Estado alvo de mandados de prisão do TPI — os outros foram o líbio Muamar Kadafi e o sudanês Omar al-Bashir, os dois com cargo em exercício à época, e o ex-presidente marfilense Laurent Gbagbo.

Criado pelo Tratado de Roma de 1998, o TPI entrou em vigor quatro anos depois como a primeira e única organização internacional para julgar indivíduos por crimes de guerra, lesa-Humanidade, genocídio e agressão. O tribunal é integrado hoje por 123 Estados, mas as ausências incluem várias das principais potências do planeta.

A China sequer é signatária, enquanto Rússia e Estados Unidos chegaram a assiná-lo, mas não o ratificaram. Em 2016, Putin aprovou uma ordem para suspender o processo de adesão da Rússia após o tribunal determinar que a anexação da Crimeia, território ucraniano ocupado em 2014, foi uma ocupação ilegal. Em 2008, o tribunal já havia autorizado uma investigação sobre a guerra com a Geórgia.

Outro empecilho para o processo contra Putin é ainda mais prático: apesar de não atribuir imunidade a chefes de Estado e governo, o tribunal não pode julgar sem que o réu esteja fisicamente presente. E como não tem jurisdição na Rússia, a prisão do mandatário torna-se inviável dentro do país.

"As decisões do Tribunal Penal Internacional não têm nenhum significado para o nosso país, inclusive do ponto de vista jurídico", escreveu a porta-voz da Chancelaria, Maria Zakharova, na época que o mandato contra Putin foi expedido. "A Rússia não é parte do Tratado de Roma do Tribunal Penal Internacional e não tem nenhuma obrigação sob ele."

Veja também

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos
Ucrânia

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível
Gaza

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível

Newsletter