Para chefe da diplomacia da UE, "não há mais palavras" para descrever situação no Oriente Médio
Borrell apresentou nesta segunda aos chanceleres da UE uma proposta para suspender o diálogo político com Israel, mas a moção foi rejeitada
O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, declarou, nesta segunda-feira (18), que "não há mais palavras" para descrever a catastrófica situação no Oriente Médio.
"Não há mais palavras. Já esgotei as palavras para tentar explicar o que está acontecendo no Oriente Médio", disse Borrell ao chegar a uma reunião de ministros das Relações Exteriores da UE nesta segunda.
O dirigente mencionou que 44.000 pessoas morreram em Gaza, das quais "70% são mulheres e crianças (...) com menos de nove anos de idade" e afirmou que "toda a área está sendo destruída".
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Borrell apresentou nesta segunda aos chanceleres da UE uma proposta para suspender o diálogo político com Israel, mas a moção foi rejeitada.
"A maioria dos Estados-membros [da UE] considera que é muito melhor continuar mantendo relações diplomáticas e políticas com Israel. Portanto, a decisão não foi levada em consideração como esperado", indicou.
Este diálogo político está previsto em um acordo de associação entre UE e Israel, que entrou em vigor em 2000.
Borrell, de 77 anos, deve encerrar seu mandato como chefe da diplomacia da UE em dezembro.
Para a ONG humanitária Oxfam, a União Europeia "tem sangue nas mãos". De acordo com Agnès Bertand Sanz, da Oxfam, a UE deveria "suspender o acordo de associação com Israel" e garantir que a ajuda humanitária não seja bloqueada ou destruída.
"A história está nos observando, e a Europa deve escolher: ela quer ser cúmplice destas violações ao direito humanitário internacional e desta campanha de limpeza étnica no norte de Gaza?", questionou a especialista.
Os ministros das Relações Exteriores da UE discutiram nesta segunda uma agenda extensa, que também incluiu um debate sobre a Venezuela.
"Reafirmei nosso apoio democrático à aspiração do povo da Venezuela. Continuamos unidos e mantemos o não reconhecimento da legitimidade de [Nicolás] Maduro como líder democraticamente eleito", declarou Borrell.