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Opinião

Para onde vão o ensino e a aprendizagem no Brasil?

O saudoso educador Rubem Alves, em seu precioso “Conversas com quem gosta de ensinar”, lembrou o sociólogo e professor americano C. Wright Mills quando, certa vez, Mills teria comparado os pesquisadores aos remadores no porão de uma galeria.

É que, para Wright, todos estão suados de tanto remar e se congratulam uns com os outros pela velocidade que conseguem imprimir ao barco. Todavia, o problema é que ninguém sabe para onde vai o barco, e muitos evitam a pergunta, alegando que este problema está fora da alçada de sua competência.

Somadas umas coisas e outras, a mesma reflexão pode ser aplicada à atual conjuntura em que se encontra a área educacional em nosso País. E mais uma evidência desse quadro negativo foi dada, pois só agora, depois de quase dois anos de pandemia, o Governo Federal resolveu liberar os R$ 3,4 bilhões que já haviam sido destinados aos estados e ao Distrito Federal para permitir aos alunos de escolas públicas o acesso à internet. Essa verba já havia sido liberada, quando o Congresso, ainda em 2021, derrubou o veto presidencial, todavia, só agora vai ser repassada.

Presentemente, no País, vivemos uma situação de evidente descompromisso federal para com a educação, que pode ser constatada desde o início do atual governo que, assumidamente, jogou a Educação para o poço do desprestígio. Os primeiros sintomas foram logo sentidos, com as escolhas dos ministros, as quais não valem nem a pena lembrar, dada a incompetência e a irresponsabilidade dos ocupantes do cargo.

Só muito depois houve um estancamento daquela interminável troca-troca de comando na pasta. Entretanto, mesmo após essa contenção, até o presente (já à beira do término do mandato presidencial), nada de concreto se tem em relação ao futuro de nossa educação. Sequer um projeto, um plano ou perspectiva que seja pode ser traçada, pois ausente uma atuação pró-ativa do Ministério da Educação. Limita-se a propagar “slogans” de pátria educadora, todavia o que vemos é um País que segue sem rumo, perto de completar uma quadra de ano, sem investimento, sem um olhar (nunca tão ausente) em governos passados. Nem se compara o tratamento dado ao setor, com o que se tinha no Brasil, mesmo no período de ditadura militar.

E a distância fica ainda maior, quando se compara a atualidade com as conquistas do longo dos anos que precederam aos deste atual Governo, o qual comprovadamente não consegue lidar nem com a obviedade da crise na área da saúde, quanto mais com algo que exige estudo e convivência de perto, que é a educação.


*Defensor público do Estado de Pernambuco e professor


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