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América Latina

Para papa Francisco, a América Latina ainda é "vítima do imperialismo explorador"

A região "sempre foi vítima, e será vítima até que se liberte completamente dos exploradores imperialistas", declarou Francisco

Papa Francisco Papa Francisco  - Foto: Tiziana Fabi / AFP

O papa Francisco afirmou que a América Latina ainda "é vitima de imperialismos exploradores" e instou a trabalhar pelo sonho de união de San Martín e Bolívar, em uma extensa entrevista à agência de notícias argentina Telam divulgada nesta sexta-feira (1).

"A América Latina ainda está nesse caminho lento, de luta, do sonho de San Martín e Bolívar (pais das independências latino-americanas) pela união da região", assegurou o pontífice argentino na entrevista concedida à jornalista Bernarda Llorente em sua residência no Vaticano.

A região "sempre foi vítima, e será vítima até que se liberte completamente dos exploradores imperialistas", declarou Francisco, que não quis apontar países ou entidades exploradores.

"Não quero mencioná-los porque são tão óbvios que todo mundo vê", acrescentou.

Questionado sobre as mudanças políticas recentes em vários países da América Latina, com projetos populares e inclusivos que rejeitam o neoliberalismo, o papa argentino relembrou que "o sonho de de San Martín e Bolívar é uma profecia".

"Devemos trabalhar para alcançar a unidade latino-americana. Onde cada povo se sinta bem com sua identidade e, ao mesmo tempo, precise da identidade do outro. Não é fácil", assegurou.

O primeiro papa latino-americano, de 85 anos, que no próximo ano completa 10 anos de pontificado, fez uma espécie de balanço de seu trabalho, falou da guerra na Ucrânia, da pandemia, dos jovens e confessou que sente ter deixado uma "marca" própria. 

"A Igreja latino-americana tem uma história de proximidade com o povo muito grande", sublinhou.

Nesta Igreja, historicamente, "houve tentativas de ideologização, como (...) a análise marxista da realidade para a Teologia da Libertação", analisa. "Foi uma instrumentalização ideológica, uma forma de libertação - digamos assim - da Igreja popular latino-americana. Mas os povos são uma coisa e o populismo é outra".

"Se observarmos as conferências episcopais - a primeira em Medellín, depois Puebla, Santo Domingo e Aparecida - sempre foi em diálogo com o povo de Deus. E isso ajudou muito. É uma Igreja popular, no sentido real da palavra", explicou.

O papa também foi questionado sobre sua saúde durante a entrevista, já que as especulações sobre uma possível renúncia foram revividas nos últimos meses, em particular pelas dores no joelho que o obrigaram a adiar uma viagem à África - embora tenha confirmado uma viagem ao Canadá no final de julho.

"Você parece muito bem", comentou a jornalista. "Ainda teremos o papa e Francisco por um tempo?"

"Deixe que o lá de cima diga isso", respondeu.

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