Para superar síndrome de Guillain-Barré, diagnóstico precoce e reabilitação completa são essenciais
A doença é autoimune e costuma surgir após um quadro de infecção viral, como virose, resfriado ou diarreia
Sentir uma fraqueza ou uma dormência nas pernas ou nos braços pode parecer inofensivo e ser confundindo com um problema muscular corriqueiro. Porém, se esses sintomas persistem ao longo dos dias e aumentam a região do corpo em que se manifestam é importante ter cuidado, pois não pode ser tão simples assim.
É assim que a Síndrome de Guillain-Barré começa a se mostrar presente. De acordo com o neurologista do Hospital Jayme da Fonte, Mário Melo, a doença, autoimune, costuma acontecer semanas depois de o corpo sofrer algum tipo de agressão, que pode ser uma infecção. "Não é regra, o indivíduo não precisa ter tido alguma infecção prévia, mas geralmente a síndrome está associada a uma virose, uma diarreia, uma infecção de via aérea superior, como algum resfriado", explica o especialista
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Atenção
Além dos sintomas motores que surgem e vão evoluindo dentro de um período de um mês, por se tratar de uma doença autoimune, na Guillain-Barré, o corpo ataca o próprio organismo. "As células do corpo atacam o Sistema Nervoso Periférico, ou seja, os nervos que mandam os comandos para que a gente se mexa e sinta as sensações. Por isso é que os sintomas vão ficando mais evidentes conforme a doença vai avançando", esclarece Mario.
Ainda conforme o neurologista, há um ataque ao Sistema Nervoso Autônomo e é essa parte da doença que pode levar a óbito, já que com a "disautonomia" o organismo do paciente perde o controle da pressão, da frequência cardíaca e também da frequência respiratória.
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Diagnóstico
Os sintomas por si só não são suficientes para fechar o diagnóstico. "Além de analisar o histórico do paciente e checar se tem alguma infecção prévia, é necessário realizar uma série de exames complementares, até mesmo para descartar outras doenças. Um dos principais exames que vai certificar que o paciente está mesmo com Guillain-Barré é a eletroneuromiografia, que avalia os nervos e os músculos", detalha.
Tratamento
Diante do diagnóstico, o tratamento é realizado em duas etapas. Durante a fase aguda, o principal objetivo é cessar o ataque do corpo para com ele próprio. "Uma medicação é responsável por bloquear as células que atacam o organismo. Isso precisa ser feito em um hospital com pessoas treinadas. É um tratamento que deve ser feito em UTI", destaca o neurologista Mario Melo.
Além da medicação, o tratamento também vai contar com fisioterapia, para promover a reabilitação do paciente; com fonoaudiologia, caso tenha acontecido algum comprometimento da linguagem; e com terapia ocupacional, para deixar o indivíduo o mais funcional possível.
"É comum que o paciente apresente alguma sequela após a doença. Mas isso vai depender muito da intensidade da doença, da velocidade para se obter o diagnóstico e, principalmente, da intensidade do tratamento, tanto o medicamentoso quanto o de reabilitação", finaliza o especialista.
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