Logo Folha de Pernambuco

Eleições Paraguai

Paraguai vota em eleições presidenciais neste domingo (30), em meio a denúncias de corrupção

As últimas pesquisas mostram um empate técnico entre Peña e Alegre

Paraguaios vão às urnas para escolher entre o economista de direita Santiago Peña e o advogado de centro-esquerda Efrain Alegre, ambos conservadores sociais.Paraguaios vão às urnas para escolher entre o economista de direita Santiago Peña e o advogado de centro-esquerda Efrain Alegre, ambos conservadores sociais. - Foto: Norberto Duarte/AFP

Leia também

• Charles III, um rei pouco popular com o desafio de modernizar a monarquia

• Intensos combates no Sudão, apesar de cessar-fogo que está para expirar

• Papa pede que Hungria abra as portas aos migrantes

Os paraguaios votaram, neste domingo (30), em um novo presidente e Congresso em eleições com resultados incertos, marcadas por denúncias de corrupção contra altas figuras do partido governista, e nas quais gravitam importantes decisões de política externa, como a relação com Taiwan e a China.

Santiago Peña, um economista de 44 anos, tenta manter o poder nas mãos do Partido Colorado (conservador) contra Efraín Alegre, um advogado de 60 anos que lidera a coalizão de centro-esquerda Concertación Nacional (Acordo Nacional).

As assembleias de voto foram fechadas às 16h00 do horário local (17h00 de Brasília), hora em que se iniciou a contagem. O resultado será conhecido três ou quatro horas depois, segundo funcionários da Justiça Eleitoral paraguaia. Os locais onde ainda havia pessoas na fila permanecerão abertos até que todos votem.

"Esperamos que o menos pior vença. Todos têm seus defeitos", disse à AFP Marta Fernández, 29 anos, com um toque de ceticismo, depois de votar no Colégio Nacional de Assunção, em um bairro de classe média da capital paraguaia.

No mesmo centro, Ana Barros, de 60 anos, declarou que espera uma mudança. "Tem que ter pelo menos esperança, que haja menos criminalidade. É o que eu espero como mãe, que os filhos estudem e tenham emprego."

Na zona de Bañado Sur, onde se erguem os bairros mais pobres que alagam a cada cheia do rio Paraguai, o ir e vir de pessoas, a pé ou de moto, não para. Muitos fazem fila em frente a uma sede política, em silêncio e com a carteira de identidade na mão.

"Eu acredito que o candidato colorado vai ganhar. Vamos de casa em casa e percebemos que Peña tem muito mais aceitação", afirmou à AFP Víctor Hugo Fernández, um dos responsáveis pelo centro eleitoral.

O Partido Colorado governou o Paraguai durante a maior parte das últimas sete décadas, sob a ditadura e sob a democracia, com uma breve interrupção durante o governo do esquerdista Fernando Lugo (2008-2012), que sofreu um impeachment um ano antes do fim de seu mandato.

"Temos os atributos e as condições para que todos os paraguaios fiquem em melhor situação. Vamos votar com tranquilidade e alegria, para que as urnas sejam um lugar de harmonia", disse Peña minutos antes da abertura dos centros de votação.

Por sua vez, Alegre pediu aos paraguaios que votem "com calma". "Não desanimem. Todos nós temos que ir às urnas, quanto maior a participação, maior a legitimidade da democracia", disse.

O Paraguai possuiu 4,8 milhões de eleitores, em uma população de 7,5 milhões de pessoas.

"Significativamente corruptos"
A campanha eleitoral ocorreu simultaneamente com as sanções dos Estados Unidos contra alguns dos mais importantes líderes colorados, como o ex-presidente Horacio Cartes (2013-18), um rico empresário do setor do tabaco, presidente do partido e padrinho político de Peña.

Designado em 2022 como "significativamente corrupto" pelo Departamento de Estado, que o proibiu de entrar nos Estados Unidos, ele foi sancionado em março pelo Tesouro.

"Essas acusações, de alguma forma, transformam as eleições em um plebiscito contra ou a favor da corrupção", opinou o analista político Sebastián Acha.

O Paraguai, no centro da América do Sul, é considerado um ponto de trânsito de drogas para Brasil e Argentina antes de sua saída para Europa e Ásia.

Em 2022, o promotor Marcelo Pecci e o prefeito José Carlos Acevedo foram assassinados, em crimes atribuídos ao narcotráfico.

Embora o Paraguai tenha uma das economias que mais crescem na América Latina – com previsão de +4,5% para o PIB em 2023, segundo o Fundo Monetário Internacional – a pobreza atinge 24,7% da população, que sofre com enormes desigualdades.

Peña propôs a criação de 500 mil empregos. Alegre defende a incorporação do setor informal, que abrange 40% dos trabalhadores.

Entre Taiwan e Jerusalém
Questões controversas de política externa também foram abordadas na campanha.

Alegre disse que, se vencer, vai analisar a continuidade das relações diplomáticas do Paraguai com Taiwan, já que "significam a perda de um dos maiores mercados, a China".

Entretanto, Peña voltou a levantar a questão do reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, anunciando a sua vontade de mudar novamente a sede da embaixada paraguaia para aquela cidade, uma medida que, em sintonia com Donald Trump, Cartes tinha tomado no final de seu governo e que Abdo reverteu.

"O Estado de Israel reconhece Jerusalém como sua capital. A sede do Congresso está em Jerusalém, o presidente está em Jerusalém. Então, quem somos nós para questionar onde eles estabelecem sua própria capital?", disse Peña à AFP.

Veja também

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos
Ucrânia

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível
Gaza

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível

Newsletter