Parentes e amigos de reféns israelenses comemoram cessar-fogo em Gaza
Familiares dizem que só irão acreditar no acordo quando todos os sequestrados voltarem para casa; primeira fase da trégua prevê libertação de 33 pessoas
Parentes e amigos dos reféns israelenses mantidos em Gaza desde 7 de outubro de 2023 ganharam um importante motivo para celebrar nesta quarta-feira: após 15 meses de conflito e diversas tentativas frustradas de se chegar à paz, Israel e o Hamas, finalmente, alcançaram um acordo de cessar-fogo no enclave. A trégua, prevista para ser executada em três etapas, incluiu a libertação dos cativos.
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Pessoas de todas as idades choraram e se abraçaram nas ruas de Tel Aviv na noite desta quarta-feira após o anúncio do cessar-fogo. Ao menos uma manifestação, em frente ao Ministério da Defesa, já estava em curso quando a mídia israelense antecipou a tão aguardada notícia.
A trégua prevê uma troca inicial de 33 reféns por prisioneiros palestinos e a reabertura da passagem de Rafah para permitir a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. Uma fonte israelense disse ao Haaretz que os reféns vivos serão libertados primeiro, e que Israel espera que o processo de libertação comece no início da próxima semana, antes da posse de Donald Trump como presidente dos EUA.
O acordo ainda precisa ser formalmente ratificado pelo Gabinete israelense, mas Basem Naim, um alto funcionário do Hamas, afirmou a repórteres que o grupo aceitou a proposta. Ao Times of Israel, um alto funcionário israelense familiarizado com as negociações disse que o Hamas “desistiu” de suas exigências sobre o Corredor da Filadélfia, a faixa ao longo da fronteira do Egito e Gaza onde Israel insistiu em manter presença durante a implementação do cessar-fogo. Segundo a fonte, a postura da organização palestina mudou “devido à insistência do premier [israelense], Benjamin Netanyahu”.
A trégua no conflito foi declarada após meses de turbulência diplomática, no qual autoridades israelenses e do Hamas, assim como mediadores árabes, fizeram viagens constantes pela região. Palestinos e israelenses — em especial os familiares dos reféns em Gaza — oscilaram entre a esperança e o desespero enquanto repetidos esforços do Catar, Egito e da Casa Branca (ainda sob comando de Joe Biden) falhavam em superar as diferenças entre ambos os lados. Sem fornecer mais detalhes, o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, havia ameaçado implementar “consequências severas” caso Israel e o Hamas não chegassem a um acordo antes de sua posse em 20 de janeiro.
“Temos um acordo para os reféns no Oriente Médio. Eles serão libertados em breve. Obrigado!”, escreveu Trump nesta quarta-feira. “Com este acordo em vigor, minha equipe de Segurança Nacional, por meio dos esforços do enviado especial para o Oriente Médio, Steve Witkoff, continuará a trabalhar de perto com Israel e nossos aliados para garantir que Gaza nunca mais se torne um refúgio para terroristas. Continuaremos promovendo a paz através da força em toda a região (...). Este é apenas o começo!”.
Embora nem Israel e nem o Hamas tenham endossado publicamente o acordo, o grupo palestino disse na terça-feira que as negociações tinham entrado em suas “fases finais”, e o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, disse nesta quarta à noite que estava retornando rapidamente de uma viagem ao exterior para participar das discussões do Gabinete sobre os reféns.
O primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, convocou uma entrevista coletiva para a noite desta quarta (tarde em Brasília) em Doha, onde as negociações foram realizadas nas últimas semanas.