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Parentes e amigos de reféns israelenses comemoram cessar-fogo em Gaza

Familiares dizem que só irão acreditar no acordo quando todos os sequestrados voltarem para casa; primeira fase da trégua prevê libertação de 33 pessoas

Manifestantes pedem libertação dos reféns israelenses mantidos em Gaza desde outubro de 2023, em Tel Aviv Manifestantes pedem libertação dos reféns israelenses mantidos em Gaza desde outubro de 2023, em Tel Aviv  - Foto: Jack Guez/AFP

Parentes e amigos dos reféns israelenses mantidos em Gaza desde 7 de outubro de 2023 ganharam um importante motivo para celebrar nesta quarta-feira: após 15 meses de conflito e diversas tentativas frustradas de se chegar à paz, Israel e o Hamas, finalmente, alcançaram um acordo de cessar-fogo no enclave. A trégua, prevista para ser executada em três etapas, incluiu a libertação dos cativos.

Pessoas de todas as idades choraram e se abraçaram nas ruas de Tel Aviv na noite desta quarta-feira após o anúncio do cessar-fogo. Ao menos uma manifestação, em frente ao Ministério da Defesa, já estava em curso quando a mídia israelense antecipou a tão aguardada notícia.

A trégua prevê uma troca inicial de 33 reféns por prisioneiros palestinos e a reabertura da passagem de Rafah para permitir a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. Uma fonte israelense disse ao Haaretz que os reféns vivos serão libertados primeiro, e que Israel espera que o processo de libertação comece no início da próxima semana, antes da posse de Donald Trump como presidente dos EUA.

O acordo ainda precisa ser formalmente ratificado pelo Gabinete israelense, mas Basem Naim, um alto funcionário do Hamas, afirmou a repórteres que o grupo aceitou a proposta. Ao Times of Israel, um alto funcionário israelense familiarizado com as negociações disse que o Hamas “desistiu” de suas exigências sobre o Corredor da Filadélfia, a faixa ao longo da fronteira do Egito e Gaza onde Israel insistiu em manter presença durante a implementação do cessar-fogo. Segundo a fonte, a postura da organização palestina mudou “devido à insistência do premier [israelense], Benjamin Netanyahu”.

A trégua no conflito foi declarada após meses de turbulência diplomática, no qual autoridades israelenses e do Hamas, assim como mediadores árabes, fizeram viagens constantes pela região. Palestinos e israelenses — em especial os familiares dos reféns em Gaza — oscilaram entre a esperança e o desespero enquanto repetidos esforços do Catar, Egito e da Casa Branca (ainda sob comando de Joe Biden) falhavam em superar as diferenças entre ambos os lados. Sem fornecer mais detalhes, o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, havia ameaçado implementar “consequências severas” caso Israel e o Hamas não chegassem a um acordo antes de sua posse em 20 de janeiro.

“Temos um acordo para os reféns no Oriente Médio. Eles serão libertados em breve. Obrigado!”, escreveu Trump nesta quarta-feira. “Com este acordo em vigor, minha equipe de Segurança Nacional, por meio dos esforços do enviado especial para o Oriente Médio, Steve Witkoff, continuará a trabalhar de perto com Israel e nossos aliados para garantir que Gaza nunca mais se torne um refúgio para terroristas. Continuaremos promovendo a paz através da força em toda a região (...). Este é apenas o começo!”.

Embora nem Israel e nem o Hamas tenham endossado publicamente o acordo, o grupo palestino disse na terça-feira que as negociações tinham entrado em suas “fases finais”, e o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, disse nesta quarta à noite que estava retornando rapidamente de uma viagem ao exterior para participar das discussões do Gabinete sobre os reféns.

O primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, convocou uma entrevista coletiva para a noite desta quarta (tarde em Brasília) em Doha, onde as negociações foram realizadas nas últimas semanas.

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