Paris celebra Fórum da Paz de olho na América Latina e com discurso de Lula
O evento acontece em um contexto internacional tenso com a ofensiva russa na Ucrânia e suas consequências
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e seu homólogo argentino, Alberto Fernández, participarão na sexta-feira (11) do Fórum da Paz de Paris, que também busca impulsionar a retomada das negociações entre o governo venezuelano e a oposição.
A quinta edição do Fórum, com o tema "Superar a multicrise" e que acontecerá na sexta-feira e sábado no centro de Paris, contará com um discurso por vídeo do presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
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"Na América Latina sopram os ventos da renovação", declarou à AFP o diretor-geral do Fórum, Justin Vaïsse, que tem como um de seus objetivos ouvir "outras vozes", como Petro, além "da voz ocidental e da China".
O evento, promovido pelo presidente francês Emmanuel Macron em 2018 para pensar a governança mundial e o multilateralismo, acontece em um contexto internacional tenso com a ofensiva russa na Ucrânia e suas consequências.
A insegurança energética, a insegurança alimentar, o bloqueio de fertilizantes e o aumento da dívida dos países em desenvolvimento serão algumas das questões abordadas pelos "mais de 3.000 atores da governança mundial", segundo a organização.
"Tentamos responder às consequências diretas e indiretas da guerra. O objetivo é não deixar a guerra ganhar terreno", explicou Vaisse.
Alberto Fernandez, atual presidente da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), participará de um debate sobre "O universalismo diante do desafio da guerra", junto com seu homólogo francês e primeiro-ministro albanês Edi Rama, entre outros.
Outro objetivo do Fórum é "oferecer um espaço de diálogo para prevenir conflitos" e, nesse sentido, sediará discussões privadas entre China e Estados Unidos sobre segurança espacial e entre "negociadores venezuelanos".
O objetivo desta última discussão é "criar uma dinâmica para a retomada da negociação" entre o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro e a oposição no México congelada desde outubro de 2021, indicou a Presidência francesa.
Por isso, nos corredores da conferência sobre mudança climática COP27 no Egito, Macron "cumprimentou muito brevemente [na segunda-feira] Maduro", que confirmou que seu enviado em Paris será o líder da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez.
Uma fonte da oposição venezuelana confirmou à AFP a presença de Gerardo Blyde - o outro principal negociador do processo no México - e considerou que este evento poderia servir de prelúdio para a retomada desse diálogo.
Desde 2018, os Estados Unidos e outros 50 países ignoraram a reeleição de Maduro e apoiaram o opositor Juan Guaidó quando ele se proclamou presidente interino em 2019, mas o apoio a essa iniciativa está diminuindo.
Além disso, o contexto internacional e regional é diferente com a guerra na Ucrânia e a virada à esquerda de vários países latino-americanos, como a Colômbia, que também retomou suas relações com Caracas.
A presidência francesa destacou também a presença em Paris dos líderes de esquerda da Colômbia e da Argentina. O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, e o chanceler espanhol, José Manuel Albares, também falarão no Fórum.