DECISÃO

Parlamento Europeu reconhece Edmundo González Urrutia como presidente eleito da Venezuela

Resolução contraria o resultado apresentado pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, que certificou a reeleição de Nicolás Maduro

Edmundo González UrrutiaEdmundo González Urrutia - Foto: Federico PARRA / AFP

O Parlamento Europeu, órgão legislativo da União Europeia, aprovou nesta quinta-feira uma resolução que reconhece o candidato da oposição venezuelana, Edmundo González Urrutia, como presidente eleito do país.

A decisão contraria o resultado apresentado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, que certificou a reeleição de Nicolás Maduro.

A medida não-vinculante, aprovada com 309 votos a favor, 201 contra e 12 abstenções, reconhece González Urrutia como presidente legítimo e democraticamente eleito do país, María Corina Machado como líder das forças democráticas na Venezuela, além de condenar e rejeitar "a fraude eleitoral orquestrada pelo Conselho Nacional Eleitoral, controlado pelo regime, que se recusou a tornar públicos os resultados oficiais".

Embora não obrigue os governos dos países do bloco a formalizarem o reconhecimento a González na prática, a resolução se soma à frente de pressão internacional contra o regime chavista, que iniciou um movimento de repressão contra todas as formas de dissidência e questionamentos às eleições de 28 de julho.

— Agradeço aos representantes do Parlamento Europeu pela discussão que decidiram trazer nesta Câmara sobre a grave situação que atravessa a venezuela. Os venezuelanos querem o mesmo que os europeus conseguiram alcançar atualmente: viver em liberdade e democracia sob um Estado de direito — afirmou González em um vídeo divulgado na rede social X minutos após a aprovação.

Em uma das maiores mobilizações políticas da oposição em anos, os venezuelanos foram às urnas em 28 de julho para escolher um novo presidente. González Urrutia, um diplomata aposentado, foi a terceira opção apresentada pela oposição, após as inabilitações de María Corina e Corina Yoris (apontada como substituta após a primeira ser impedida).

Ao fim de uma jornada de votação considerada tranquila pelos observadores que acompanharam o pleito, o Conselho Nacional Eleitoral, dominado pelo chavismo, anunciou a reeleição de Maduro por uma vantagem mínima, horas após ao fim da votação. O órgão eleitoral não apresentou as atas de votação detalhadas, como era esperado por todas as partes envolvidas na eleição, sob o argumento de que o sistema eleitoral havia sofrido um ataque hacker, impedindo a visualização dos dados.

Em meio ao impasse, a oposição levantou denúncias de fraude eleitoral e divulgou paralelamente atas de votação que afirmou ter recolhido ao fechamento das sessões eleitorais. O resultado parcial obtido apontava uma ampla vantagem de González. Manifestações populares foram convocadas para pressionar as autoridades a reconhecerem a derrota do chavismo, mas foram duramente reprimidas — dados oficiais apontam que 27 pessoas morreram, 192 ficaram feridas e quase 2.400 foram detidas.

A resolução aprovada no Parlamento Europeu nesta quinta indica ainda que os países restabeleçam sanções contra os membros do Conselho Nacional Eleitoral venezuelano, além de prorrogar as já existentes contra o regime.

González Urrutia está exilado na Espanha desde que deixou o país há semanas, enquanto María Corina segue na Venezuela. A fuga do candidato presidencial levantou dúvidas sobre o futuro da oposição e a chance de reverter os resultados apresentados pelo CNE — situação que se agravou ontem, quando o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, revelou um documento assinado por González reconhecendo “as decisões adotadas pelos órgãos de justiça no marco da Constituição, incluindo a sentença da Sala Eleitoral” — em outras palavras, validando a vitória que o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) concedeu a Maduro.

González se manifestou após a publicação do documento, dizendo tê-lo assinado sob coação do regime chavista, argumentando que não teria validade nenhuma dadas as circunstâncias a que estava submetido.

— Ou eu assinava, ou sofria as consequências — explicou González Urrutia sobre o documento que, segundo ele, foi levado por dois dirigentes próximos a Maduro até a embaixada espanhola em Caracas, onde ele estava refugiado. — [Isso resultou em] horas muito tensas de coação, chantagem e pressões.
 

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