Logo Folha de Pernambuco

SUPREMOP

STF permite uso de "parturiente" em declaração de nascimento para incluir população trans

Decisão ocorreu em arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) apresentada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em 2021

Foto: Robyn Beck/AFP

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, na quinta-feira (17), por unanimidade, que a Declaração de Nascido Vivo (DNV) deve utilizar os termos "parturiente/mãe" e "responsável legal/pai" para designar os genitores de uma criança. A medida tem o objetivo de incluir a população transexual.

A decisão ocorreu em arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) apresentada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em 2021, que pedia que a Corte determinasse que o Sistema Único de Saúde (SUS) fizesse alterações para eliminar situações de constrangimento de pessoas trans no acesso à saúde pública.

Em 2021, quando a ação começou, a Declaração de Nascido Vivo trazia apenas o termo mãe, o que provocava problemas nos casos em que um homem trans tivesse dado à luz.

O documento é emitido pelo hospital e utilizado pelos cartórios para emitir a certidão de nascimento, além de ser a fonte de dados sobre nascimentos para o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc).

O ministro Gilmar Mendes, relator da ação, já havia definido em 2021, via liminar, que o Ministério da Saúde aplicasse apenas os termos "parturiente" (quem está em trabalho de parto ou que acabou de parir) e "representante legal" ao documento.

A decisão foi julgada procedente em julho de 2024 e, como a alteração havia sido feita, o magistrado considerou que a participação do STF na questão já havia terminado.

O ministro Edson Fachin divergiu, por achar que a decisão judicial era necessária para não ser revertida no futuro. O magistrado defendeu que se debatam as questões de minorias na Corte.

"O que se buscou foi uma determinação que, em relação a essas pessoas, não implicasse uma exclusão discriminatória de sua constituição de personalidade."

Por sugestão dos ministros André Mendonça e Nunes Marques, o relator mudou seu voto na sessão de 17 de outubro para o documento incluir também os termos mãe e pai. Os magistrados entenderam que, dessa forma, não serão excluídos os que desejarem ter essas palavras no documento. O ministro Alexandre de Moraes concordou com a proposta.

Além do registro de dados no nascimento da criança, o PT argumentou na ação que homens trans, que não passaram por transgenitalização (cirurgia para troca de gênero) e têm órgãos genitais femininos, não conseguem marcar uma consulta com um ginecologista, por exemplo.

Mulheres trans, por outro lado, têm dificuldades de agendar com urologistas.

O STF entendeu que o Ministério da Saúde deve adotar as providências necessárias para garantir o acesso dessa população às políticas públicas de saúde.

"Deve ser garantida à população LGBTQIA+ o pleno e irrestrito acesso às políticas públicas de saúde ofertadas pelo Estado em condições de igualdade com todo e qualquer cidadão brasileiro", disse Gilmar Mendes.

Veja também

Curso do MEC relaciona Novo Ensino Médio a "políticas neoliberais" e "privatização dos itinerários"
educação

Curso do MEC relaciona Novo Ensino Médio a "políticas neoliberais" e "privatização dos itinerários"

PF prende fiscal da ANTT durante operação de combate à corrupção
justiça

PF prende fiscal da ANTT durante operação de combate à corrupção

Newsletter