Pausa no uso da vacina Johnson & Johnson altera planos da Europa e dos EUA
As autoridades suspenderam a vacinação por 'precaução', dada a possível relação entre o imunizante e o aparecimento de um tipo raro de coágulo sanguíneo
As campanhas de vacinação nos Estados Unidos e na Europa sofreram, nesta terça-feira (13), um contratempo. As autoridades de saúde recomendaram a suspensão da administração da vacina contra a Covid-19 da empresa americana Johnson & Johnson por "precaução", dada a possível relação entre o imunizante e o aparecimento de um tipo raro de coágulo sanguíneo.
A Administração de Drogas e Alimentos (FDA) e os Centros para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC) americanos estão avaliando a "importância potencial" de seis casos reportados de coágulos sanguíneos incomuns em pacientes que receberam a vacina, tuitou a FDA.
"Até que o processo seja concluído, recomendamos a pausa", completou.
A agência reguladora informou que foram administradas mais de 6,8 milhões de doses da vacina da Johnson & Johnson nos Estados Unidos.
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"Os CDC e a FDA estão revisando dados de seis casos reportados nos Estados Unidos de um tipo de coágulo sanguíneo raro e severo produzido em indivíduos depois que receberam a vacina. Neste momento, estes eventos adversos parecem ser extremamente raros", escreveu a FDA no Twitter.
O cientista da FDA Peter Marks informou que uma pessoa morreu e outra está em estado crítico.
Os seis casos notificados correspondem a mulheres com entre 18 e 48 anos que desenvolveram tromboses entre seis e 13 dias após a inoculação.
Os cientistas relataram um quadro de trombose venosa cerebral, também associada a baixos níveis de plaquetas no sangue, de acordo com os CDC.
A agência afirmou que pede a interrupção para permitir que os profissionais de saúde planejem "o tratamento único necessário para este tipo de coágulo sanguíneo".
Os CDC reunirão um comitê consultivo na quarta-feira "para revisar mais a fundo os casos e avaliar sua importância potencial. A FDA revisará a análise, pois também investiga os casos".
A declaração foi feita alguns dias depois do anúncio da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) de que também está examinando possíveis casos de coágulos de sangue em pessoas que receberam o fármaco da Johnson & Johnson.
A Casa Branca garantiu, porém, que esta suspensão não terá "impacto significativo" na campanha de imunização, enquanto o laboratório anunciou que atrasará a entrega das doses para a Europa, continente mais atingido pela pandemia, com mais de um milhão mortes desde o início da crise sanitária.
"Tomamos a decisão de adiar proativamente a entrega de nossa vacina na Europa", afirmou a J&J, acrescentando que está analisando os casos com as autoridades de saúde europeias.
"A segurança e o bem-estar das pessoas que usam nossos produtos são nossa maior prioridade", disse Johnson & Johnson, lembrando que mais de 6,8 milhões de doses de sua vacina anticovid já foram administradas nos Estados Unidos desde sua autorização no final de fevereiro.
Isso "representa menos de 5% das doses administradas nos Estados Unidos até agora", informou Jeff Zients, coordenador da luta contra a covid-19 na Casa Branca, destacando que a suspensão das injeções não teria "nenhum impacto significativo" na campanha de vacinação americana.