RIO GRANDE DO SUL

Pensando a longo prazo, Rede Muda Mundo tem trabalhado para fazer a diferença no RS

Fábio Silva, fundador e CEO da Rede, viajou pessoalmente para Porto Alegre para participar e coordenar ativamente as ações do projeto

Fábio Silva, fundador e CEO da Rede, viajou pessoalmente para Porto Alegre para participar e coordenar ativamente as ações do projetoFábio Silva, fundador e CEO da Rede, viajou pessoalmente para Porto Alegre para participar e coordenar ativamente as ações do projeto - Foto: Divulgação/Rede Muda Mundo

Em meio às chuvas que atingem o Rio Grande do Sul, a união e a solidariedade dos brasileiros têm sido fundamentais para auxiliar a população gaúcha. Diversas iniciativas envolvendo doações e o trabalho voluntário se destacam nessa mobilização conjunta de apoio às vítimas das enchentes. Entre as organizações atuantes, a Rede Muda Mundo tem desempenhado um papel significativo. 

Fundada a partir da união de diversas histórias transformadas pelo voluntariado, a Rede Muda Mundo opera com um ecossistema de inovação social e engajamento cívico, dividindo suas ações em cinco frentes distintas. Uma dessas é o movimento Transforma Brasil, sediado em Pernambuco, que mobiliza o trabalho voluntário por meio de uma plataforma nacional de tecnologia social. 

A iniciativa atua como mobilizadora de voluntariado e ações emergenciais, conectando pessoas através do engajamento cívico, como afinidades, usando tecnologia e inovação social. 

Fábio Silva, fundador e CEO da Rede, foi a Porto Alegre para coordenar ativamente as ações do projeto. Em entrevista à Folha de Pernambuco, o empreendedor social explicou como a plataforma funciona e como a ajuda tem chegado aos abrigos gaúchos. 

“Os voluntários, conforme vão chegando, são direcionados para as funções de acordo com o “match” das afinidades deles, por exemplo: crianças, animais, idosos, etc. Até agora, entre voluntariado e doações, conseguimos oferecer ajuda em abrigos localizados em Canoas, São Leopoldo e Porto Alegre, mas estamos comprometidos em expandir nossa assistência para onde mais for preciso”, disse Fábio.

O fundador da Rede Muda Mundo explicou que precisou ir ao Rio Grande do Sul para entender as necessidades da população e poder ajudar da melhor forma. Apesar da organização ter experiência prévia de ajuda humanitária em desastres naturais, “o cenário em que se encontra o estado é algo jamais visto na história do país. De proporções inimagináveis”. 

“O principal objetivo da minha vinda foi estar pessoalmente com o governador Eduardo Leite, e com o secretário de desenvolvimento social, Beto Fantinel, para entender melhor qual a urgência da população e onde devemos atuar. Onde os donativos devem ser entregues, e qual seria a melhor forma de usarmos o Transforma Brasil para servirmos ao estado”, disse o ativista. 

O caminho do bem
Fábio Silva também explicou o passo a passo das ações desenvolvidas pelo grupo para angariar donativos e voluntários - desde que o Governo do Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública, no dia 1° de maio. 

“O primeiro passo foi a criação da campanha “SOS Rio Grande do Sul”, com a abertura de uma conta financeira, que funciona como um fundo para o estado. No dia 8 de maio abrimos também as portas de todas as farmácias das redes Pague Menos e Extrafarma do país para a arrecadação de donativos e doações físicas. O resultado dessa campanha foi muito satisfatório, e estamos extremamente gratos pela prontidão e apoio que recebemos de todas as regiões”, contou Fábio.

Outra parte extremamente importante neste processo, de acordo com o empresário, foi o engajamento ativo dos parceiros da Rede MudaMundo na divulgação da campanha. 

“Como os nossos projetos sociais tem uma rede de apoio e parceiros muito forte. A segunda coisa que fizemos foi acionar todos eles. Atores, digitais influencers, artistas, jogadores de futebol mundialmente reconhecidos; enfim, todas essas pessoas que fazem parte da nossa rede para fortalecer a divulgação da causa e pedir ajuda e doações”, relatou o ativista.

Toneladas de ajuda
Na quarta-feira (15), o primeiro caminhão de donativos arrecadados pela Rede Muda Mundo, com mais de 30 toneladas de suprimentos, partiu do Recife com destino ao município de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. A cidade está situada na região metropolitana de Porto Alegre e passa pela terceira enchente desde 2023.  

Entre os itens enviados no caminhão estão alimentos, produtos de higiene, materiais de limpeza e outros artigos essenciais que se tornaram imprescindíveis para os 2.281.774  de gaúchos afetados.

“Agora estamos na etapa da chegada de tudo o que arrecadamos ao Rio Grande do Sul. Assim, entendendo melhor o cenário, poderemos direcionar corretamente os materiais arrecadados nas farmácias e através de todos os nossos parceiros”, afirmou o CEO da Rede.

Pensando a longo prazo
De acordo com o fundador da Rede Muda Mundo, a expectativa é de que a iniciativa ajude a população do estado não apenas com medidas imediatas, como as doações, mas também com planejamentos e estruturas pensando em uma resposta a longo prazo.  

O empreendedor social afirmou que ofereceu ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, propostas para reerguer e impulsionar a economia do estado através de capacitação da população e geração de empregos. 

"É necessário investir em qualificação profissional, geração de renda e empreendedorismo. Para impulsionar a retomada econômica e a criação de empregos no estado", afirmou o representante. 

Durante reunião com os gestores, Fábio propôs que o governo estadual considere integrar a Casa Zero -localizada no Recife - na segunda fase de ações para recuperar o estado. Segundo ele, a iniciativa da Rede pode ser uma peça-chave nesse processo.

"Na segunda fase da nossa atuação buscamos expandir programas de geração de renda, qualificação profissional e economia criativa, adaptando o modelo da Casa Zero, que já existe no Recife, para a realidade do Rio Grande do Sul", explicou. 

Essa proposta visa trazer não apenas soluções de curto prazo, mas também um olhar estratégico para o futuro econômico do estado, visando o bem-estar e a prosperidade dos cidadãos.

”Mesmo que a gente não tenha um prédio como a Casa Zero, podemos abrir um braço da instituição dentro de uma universidade, de uma empresa, um espaço público. O que importa é fazer o bem de ponta a ponta no nosso país, com os recursos que tivermos”, concluiu o ativista, destacando a flexibilidade do projeto.

A Rede
Fundada em 2006, a Rede Muda Mundo se tornou um ecossistema de impacto e inovação social com mais de 4 milhões de horas de trabalho voluntário, 7 mil iniciativas sociais, 1,5 milhão de brasileiros beneficiados diretamente, 5 mil horas de conteúdos educacionais e mais de 2.300 líderes qualificados. 

Casa Zero, na Rua do Bom Jesus, Recife AntigoA Casa Zero, na Rua do Bom Jesus, no Recife Antigo.

Casa Zero
Fundada em 2022, a Casa Zero é uma iniciativa social que visa promover oportunidades de desenvolvimento comunitário em áreas carentes.

O primeiro shopping social do Brasil começou como um espaço físico destinado a oferecer educação, cultura e empreendedorismo para comunidades desfavorecidas, inicialmente na área central do Recife. 

Com o tempo, evoluiu para o primeiro modelo de franquia social do país, expandindo sua atuação para um dos bairros mais populosos da capital pernambucana, a Várzea, Zona Oeste do Recife. 

A expectativa é de que, até o fim do ano, existam seis franquias sociais da Casa Zero oferecendo uma ampla gama de projetos educacionais, culturais e de empreendedorismo, proporcionando oportunidades para que as pessoas possam iniciar algo novo e prosperar, independentemente de suas circunstâncias iniciais.


Balanço oficial da Defesa Civil do Rio Grande do Sul:

Municípios afetados: 460

Pessoas em abrigos: 77.199

Desalojados: 538.167

Afetados: 2.281.774

Feridos: 806

Desaparecidos: 104

Óbitos confirmados: 151

Óbitos em investigação*: 0

Pessoas resgatadas: 76.620

Animais resgatados: 11.932

 

Efetivo em atuação: 

Agentes: 27.651

Viaturas: 4.405

Aeronaves: 45

Embarcações: 340

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