Pequim tem retorno tímido à normalidade após flexibilização da 'Covid zero'
Os transportes públicos, em particular os ônibus, ainda estavam longe da lotação e alguns circulavam praticamente vazios.
A capital da China apresentava, nesta quinta-feira (8), sinais tímidos de retorno à normalidade, um dia após o anúncio da flexibilização das restrições contra a Covid que estavam em vigor há quase três anos.
Após várias semanas com empresas e escolas fechadas, o trânsito nas ruas de Pequim era apenas metade do habitual, segundo correspondentes da AFP.
Os transportes públicos, em particular os ônibus, ainda estavam longe da lotação e alguns circulavam praticamente vazios.
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"Realmente não há mais pessoas esta manhã que nos dias anteriores, antes da suspensão das restrições. Está muito calmo. Acredito que as pessoas ainda estão com medo de sair", afirmou à AFP o gerente de uma cafeteria Starbucks.
O país registrou nas últimas semanas uma onda de contágios de coronavírus, mas com um número de infectados muito pequeno para a população chinesa: 21.165 novos casos nesta quinta-feira entre 1,4 bilhão de pessoas.
Porém, depois das grandes manifestações de novembro que evidenciaram a irritação de parte da população, as autoridades de saúde nacionais anunciaram na quarta-feira a flexibilização das restrições com a esperança de estimular a economia, asfixiada pela estratégia "covid zero".
Discurso tranquilizador
Entre as medidas anunciadas estão o fim dos exames PCR sistemáticos e em larga escala, a possibilidade de fazer o isolamento em casa para os casos menos graves de covid e a aplicação mais contida dos confinamentos.
As cidades não exigirão mais um teste negativo das últimas 24 horas para permitir viagens entre as províncias, mas o exame será obrigatório para entrar em restaurantes e cafeterias.
O discurso das autoridades também mudou: agora destacam a natureza menos nociva da variante ômicron. E a expressão "covid zero" começou a desaparecer das declarações oficiais.
Mudar os hábitos, porém, leva tempo. Nesta quinta-feira, os centros de testes PCR espalhados por Pequim ainda registravam filas, embora um pouco menores que nos dias anteriores.
"Vim fazer o exame porque uma pessoa no meu trabalho testou positivo. Espero não ter sido infectado", declarou à AFP Chen Min, de 28 anos.
Também na fila, Zhang Lan, um entregador de comida, aguardava o teste porque "é uma exigência da empresa" para não infectar os clientes.
A fila tinha muitos trabalhadores de hotéis e restaurantes.
Um shopping na mesma região tinha poucos clientes e os cinemas não reabriram as portas. Um segurança controla a entrada no centro comercial, mas não exige mais a apresentação de um teste PCR com resultado negativo.
Febre por medicamentos
Na farmácia Gaoji, um fluxo incessante de clientes procura remédios contra febre e resfriados, agora acessíveis sem a necessidade de apresentar um documento de identidade ou um teste PCR negativo.
Duabte do aumento de contágios, os moradores da cidade desejam ter medicamentos para o tratamento caso sejam infectados com a Covid-19.
"Ficamos sem estoque deste tipo de medicamento. Não temos nem vitamina C", explica Sun Qing, funcionária da farmácia.
"Alguns, infelizmente, compraram muito mais que o necessário. O suficiente para um ano", conta a funcionária, que prevê o anúncio em breve de um limite para a aquisição dos medicamentos.