Rio de Janeiro

'Perdoar não perdoo, mas também não quero mal', disse pai de menina morta em ônibus incendiado

Menina teve 90% do corpo queimado. Homem responsável por atear fogo no veículo, na quarta-feira, foi transferido para hospital no Rio

ônibus incendiadoônibus incendiado - Foto: Reprodução

A mãe da pequena Heloise Victória da Silva Ribeiro, de 4 anos, que morreu nesta quinta-feira no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN) , teve 90% do corpo queimado ao tentar proteger a salvar a vida da filha. As duas estavam dentro de um ônibus que foi incendiado, nesta quarta-feira, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A dona de casa Larissa Silvestre da Silva, de 26, viajava no coletivo da viação União, a caminho de um curso de radiologia, no Centro de Caxias, quando tudo ocorreu. A informação foi revelada por Renan de Oliveira Ribeiro, de 54, ajudante de caminhão e marido de Larissa.

Segundo o ajudante de caminhão, Larissa estava fazendo o curso para tentar arrumar um emprego na área de radiologia, e assim, aumentar a renda da família. Perguntado se perdoa o homem que responsável pela morte de sua filha e pelas queimaduras que atingiram 90% do corpo de Larissa, Renan disse querer apenas justiça para o caso.

"Perdoar eu não perdoo, mas também não quero o mal para ele. Quero apenas que a justiça seja feita e que ele pague por tudo isso que causou- disse o ajudante de caminhão" diz.

Segundo a família, Larissa está em estado grave e segue internada em um hospital particular de Duque de Caxias. Ela ainda não sabe da morte da filha de quatro anos.

"Estava no trabalho quando a recebi a notícia do que havia acontecido. Foi como o mundo tivesse desabado em cima da minha cabeça", lamenta Renan. O enterro da menina será às 17h, desta sexta-feira no Cemitério Nossa Senhora das Graças, também conhecido como Cemitério Tanque DP Anil, no Centro de Duque de Caxias.

A Viação União, proprietária do ônibus incendiado por Cleber Conceição Sirilo, de 39, disse que vai custear o sepultamento da pequena Heloise Vitória. Cleber foi preso em flagrante. Inicialmente, ele foi internado no Hospital do Carmo, em Duque e Caxias. Nesta quinta-feira, o homem foi transferido para o Hospital Pedro II, em Santa Cruz, onde continua internado sob custódia policial.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a corporação foi acionada para combater as chamas de um ônibus, por volta das 10h59 de quarta, na Avenida Brigadeiro Lima e Silva, localizada no Centro de Duque de Caxias. Duas mulheres também teriam sido pisoteadas ao tentar deixar o ônibus.

O suspeito embarcou no coletivo, na altura da Rodovia Washington Luís, levando uma espécie de sacola onde estavam dois galões plásticos. Pouco depois, quando o veículo trafegava pela Avenida Brigadeiro Lima e Silva, próximo a um supermercado, o homem, sem nada dizer, colocou um capuz no rosto e usou uma faca que levava para furar os galões.

Em seguida, espalhou um líquido inflamável no chão e ateou fogo no veículo. Ainda não se sabe o que teria motivado o ataque. De acordo com as primeiras informações da polícia, o suspeito não seria parente nem mantinha qualquer tipo de relação com as vítimas.

Em nota, a Federação das Empresas de Mobilidade do Estado do Rio (Semove) repudiou o ataque, que classificou como “criminoso”. Segundo a entidade, esse foi o 249º ônibus incendiado no estado em dez anos, dos quais oito apenas em 2023 — sete na Baixada Fluminense. A nota aponta ainda para o fato de que a “inexistência de seguro para este tipo de crime atrapalha o investimento na renovação da frota e prejudica a população”.

A Viação União, proprietária do veículo incendiado, também divulgou um comunicado no qual informa que está prestando “auxílio às vítimas e colabora com a autoridade policial para esclarecimento dos fatos”. A empresa condena ainda “o quarto ataque sofrido em vinte dias, e informa que o custo para reposição dos veículos incendiados é de aproximadamente R$3 milhões”.

Veja também

Governo investiga mais de 20 pessoas por incêndios florestais no Rio
incêndios florestais

Governo investiga mais de 20 pessoas por incêndios florestais no Rio

Julgamento de acusado de drogar mulher para que outros homens a estuprassem é novamente adiado
Justiça

Julgamento de acusado de drogar mulher para que outros homens a estuprassem é novamente adiado

Newsletter