Peregrinos e Lourdes: relação de fé, devoção e pertencimento
Brasileiros contam experiências em peregrinação pela cidade francesa
LOURDES (FRANÇA) - Peregrinação é uma jornada em três atos: o local de visitação, o peregrino e o que o levou até lá. Seja na primeira vez ou em várias. No Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, na França, durante o Congresso Internacional de Cura e Libertação, realizado neste fim de semana pela Comunidade Obra de Maria em parceria com a Canção Nova, não havia espaço para dúvidas ou indiferença. Quem estava lá não marcava presença somente com o corpo. De espírito entregue, os visitantes trouxeram histórias de fé, pertencimento e devoção à Santa. E vão levar na bagagem uma experiência religiosa tão valiosa quanto a água da Gruta das Aparições.
Fé
A Folha de Pernambuco foi convidada pela Obra de Maria para acompanhar o congresso e conversou com os peregrinos brasileiros que estavam na cidade francesa.
“Eu já estive na Terra Santa (região dividida entre Israel, Jordânia e Cisjordânia), mas eu nunca vivi uma experiência como essa. Talvez pelo momento que estou passando agora”, contou Rose Piana, de 67 anos.
O “momento” citada por ela, devota também de Nossa Senhora de Fátima, é um tratamento de câncer no pulmão. “Retirei um terço dele, mas nove meses depois, teve recidiva no mesmo local. Voltei a fazer quimioterapia, mas não tem um tratamento específico. É algo paliativo. É doloroso saber isso, mas se Deus quiser, Ele faz a graça através de Nossa Senhora de Lourdes”, apontou a peregrina, que veio acompanhada do marido, Carlos Piana Filho, 65.
Pertencimento
Nascido no Rio de Janeiro, mas há quase 60 anos vivendo na Europa, Nelson de Almeida, 63, contou que a ida à Lourdes também foi uma forma de “matar a saudade” do Brasil por meio das pregações e missas realizadas no Congresso.
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“Sou filho de pais imigrantes de Portugal. Desde 1985 moro na França e sempre tive admiração por Nossa Senhora de Lourdes. Já tinha vindo por aqui e agora, com esse evento, posso dizer que mesmo não indo ao Brasil, o Brasil veio até mim. Penso que esses congressos são importantes e os europeus deveriam se inspirar para fazer também. Os brasileiros e africanos tem uma abertura maior para pregar do que eles”, observou.
Devoção
Desde 1936, o Brasil tem uma paróquia em homenagem à Nossa Senhora de Lourdes, em São Paulo, liderada pelo padre Juliano Gonçalves. Foi de lá que veio Denise Alves, 59, para conhecer a Santa que inspirou a capela.
"Fui crismada, batizada e recebi a Primeira Eucaristia lá na paróquia. O tempo passou e acabei ficando 40 anos afastada. Quando perdi meu marido, vi a missa de sétimo dia que o padre Juliano fez para ele e me interessei em voltar. Fui convidada para ser uma das ministras da Eucaristia. Lá nós temos também uma gruta que todo dia 11 o padre benze a água. Eu já tinha ido em outros congressos, mas quando vi que teria esse aqui, fiquei encantada. Conhecer minha santinha é para derreter o coração", brincou.
Por falar em água, um grupo de brasileiras que mora na França aproveitou para visitar Lourdes e beber da “água dos milagres” na gruta de Massabielle. Costume antigo, mas que nunca perde o encanto.
“Moro na França há 20 anos e venho cinco, seis vezes por temporada. Aqui você encontra muita gente buscando paz e saúde. Conhecer Lourdes é maravilhoso. Um lugar abençoado”, celebrou Cláudia Lima, de 52 anos.
*O repórter viajou a convite da Obra de Maria e Canção Nova