Perito independente vai examinar documentos apreendidos na casa de Trump
Documentos foram apreendidos durante uma revista do FBI na mansão do ex-presidente, em agosto
A juíza americana Aileen Cannon determinou que se escolha um perito independente para examinar os documentos que o FBI apreendeu durante uma revista em agosto na mansão de Donald Trump na Flórida, segundo um documento judicial divulgado nesta segunda-feira (5).
Os advogados do governo tinham se declarado contrários a esta demanda do ex-presidente republicano, argumentando que a escolha de um perito para examinar o material poderia prejudicar a segurança nacional e era desnecessária, visto que uma equipe já tinha concluído uma avaliação.
Trump reagiu à decisão da juíza federal em sua rede social, a Truth Social: "Agora que o FBI e o Departamento de Justiça foram surpreendidos em uma fraude eleitoral maciça e determinante, os resultados das eleições presidenciais de 2020 vão mudar? Deveriam fazer isso!"
A decisão não só poderia atrasar a investigação sobre a manipulação de material sigiloso por Trump, que denunciou a revista em 8 de agosto como "um dos ataques mais atrozes à democracia" na história dos Estados Unidos e negou ter cometido algum malfeito.
Segundo a ordem judicial, "será nomeado um perito para revisar a propriedade apreendida, gerenciar as reivindicações de privilégio e fazer recomendações a respeito, e avaliar os pedidos de devolução da propriedade".
A magistrada deu às duas partes prazo até a sexta-feira para apresentarem uma lista de candidatos para executar o trabalho.
O Departamento de Justiça "está examinando o conceito e vai avaliar os passos apropriados a seguir no litígio em curso", afirmou em nota o porta-voz Anthony Coley.
Com esta decisão, Cannon acatou o pedido do ex-presidente republicano, ao proibir temporariamente os investigadores de usar os documentos apreendidos em sua residência de Mar-a-Lago, na Flórida, embora possam prosseguir com a revisão apenas "para fins de classificação e avaliações de segurança nacional".
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"Proíbe-se temporariamente ao governo a revisão e o uso de quaisquer materiais apreendidos na residência do demandante em 8 de agosto de 2022, com fins de investigação criminal, à espera da resolução do processo de revisão do perito, segundo o determinado por este Tribunal", acrescentou a ordem.
Enquanto Trump enfrenta uma crescente pressão legal, o Departamento de Justiça sustenta que os documentos ultrassecretos "provavelmente foram ocultos" para obstruir uma investigação do FBI sobre a possível manipulação de materiais sigilosos por parte do ex-presidente.
Ultrassecretos e confidenciais
A revista feita pelo FBI em agosto ocorreu depois de uma revisão de registros "altamente confidenciais" que Trump acabou entregando às autoridades em janeiro, após meses de idas e vindas com a Administração Nacional de Arquivos e Registros.
Descobriu-se que as 15 caixas apreendidas da casa do ex-presidente continham 184 documentos marcados como confidenciais, secretos ou ultrassecretos. Depois de receber indicações do FBI, o advogado de Trump entregou 38 documentos confidenciais adicionais e deu uma declaração juramentada de que eram a última parte do material.
Quando os agentes revistaram a mansão de Mar-a-Lago, encontraram um material tão delicado que "até mesmo o pessoal de contraespionagem do FBI e os advogados do Departamento de Justiça que faziam a revisão pediram autorizações adicionais antes de que lhes fosse permitido revisar certos documentos", destacou um expediente judicial do governo.
O procurador-geral, Merrick Garland, disse ter aprovado pessoalmente a revista em Mar-a-Lago e que, em última instância, caberá a ele decidir se Trump será denunciado ou não por algum crime.
Bill Barr, que esteve à frente do Departamento de Justiça durante o mandato de Trump, avaliou que as buscas eram aparentemente justificadas e que suspeitava que as autoridades tinham "boas" provas de obstrução.
Uma lista detalhada do que foi apreendido mostrou que Trump reteve mais de 11.000 registros governamentais não sigilosos que, segundo ele, são seus, mas que legalmente pertencem aos Arquivos Nacionais.
Além do caso dos documentos, Trump é investigado sobre suas práticas comerciais, por seus esforços para anular os resultados das eleições de 2020 e pela invasão de seus apoiadores ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.