Pernambuco monitora profissionais e vai sequenciar amostras de pacientes de Manaus
Foram adotados protocolos especiais para aqueles que atuam na ajuda aos amazoneneses
Desde o último fim de semana, Pernambuco recebeu 26 pacientes provenientes do Amazonas, em uma operação de socorro ao estado do Norte do País, que vive um colapso em seu sistema de saúde - dois homens, inclusive, morreram nestes últimos dois dias.
Por ainda não existirem estudos mais aprofundados sobre os riscos que, de fato, a nova variante oriunda desse estado representa, foi criado um protocolo especial para esses pacientes no Recife, bem como para os profissionais que estão atuando na força-tarefa.
Médicos, socorristas e outros que atuaram no transporte e/ou atendimento estão sendo monitorados para caso apresentem algum sintoma compatível com os da Covid-19 nos próximos dias.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE), todos os pacientes transferidos foram novamente submetidos a testes moleculares (RT-PCR), e as amostras, encaminhadas para o Instituto Aggeu Magalhães/Fiocruz PE.
Através de uma parceria com o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen/PE), os profissionais do Aggeu Magalhães têm realizado o sequenciamento genético de algumas amostras coletadas em Pernambuco desde os primeiros casos da Covid-19.
De acordo com o pesquisador em saúde pública do Departamento de Antomologia e do Núcleo de Bioinformática da Fiocruz PE, Gabriel Wallau, o processo de sequenciamento leva entre uma e duas semanas.
Depois, há um período ainda para análise, processo no qual o genoma é comparado com uma infinidade de outros genomas lançados em uma espécie de “banco de dados” internacional, onde todos os laboratórios do mundo podem registrar sequenciamentos. A partir dessa troca de informações, é possível identificar em que locais aquela determinada linhagem está presente.
O Aggeu Magalhães já vinha realizando uma espécie de análise retroativa por amostragem. Até as amostras de novembro, não tinha sido identificado nenhum caso das novas variantes recém descobertas - oriundas de Manaus, do Reino Unido e da África do Sul. Agora, o processo entra nos meses de dezembro e janeiro.
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Nesta semana, São Paulo anunciou a detecção de três casos da Covid-19 desenvolvidos a partir da infecção pela variante do novo coronavírus oriunda do Amazonas. Todos os pacientes têm histórico de viagem ou residência em Manaus, que enfrenta uma segunda onda de casos da doença.
"Há uma perspectiva que parte da condição (colapso em Manaus) seja por conta dessa variante. Precisamos saber como isso vai se comportar no restante do País. É preciso que haja um monitoramento”, defendeu, nesta quinta-feira (28), o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo.
"Estamos acompanhando o desenrolar de alguns estados que já têm demonstrado essa variante em circulação. E temos procurado conversar com outros secretários estaduais de Saúde sobre o cenário de Manaus”, completou.
São Paulo é o primeiro estado do País onde a variante foi oficialmente detectada, através de sequenciamento genético. Antes, porém, Japão, Alemanha, Itália, Estados Unidos e outros quatro países já haviam reportado casos de pessoas infectadas com essa variante oriunda do Norte do Brasil. Diante desse cenário, muitos estudiosos são firmes em dizer que a variante, na verdade, já circula pelo Brasil.
Pesquisadores que atuam no Amazonas suspeitam que quase todos os casos ativos no momento no estado sejam da nova variante, enquanto profissionais de saúde relatam que ela pode provocar sintomas mais silenciosos, porém é capaz de debilitar o paciente mais rapidamente.
Embora ainda existam muitas perguntas a serem respondidas sobre essa nova variante, os estudos preliminares apontam para um maior potencial de transmissão, a partir de mutações na proteína Spike.