ESTUDO

Fernando de Noronha: pesquisadores fazem expedição em águas profundas

Foram encontradas quatro possíveis novas espécies de peixes e mais 15 espécies inéditas para a região, além de plásticos e detritos de pesca

Arquipélago de Fernando de NoronhaArquipélago de Fernando de Noronha - Foto: Divulgação

Em expedição realizada nas águas profundas do arquipélago de Fernando de Noronha, na Região Nordeste, pesquisadores encontraram quatro possíveis novas espécies de peixes ainda não descritas pela ciência, além de mais 15 espécies inéditas para a região. A presença de sacolas plásticas e detritos de pesca revelou que o impacto humano chega até os locais de maior profundidade.

O estudo envolveu pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), da Academia de Ciências da Califórnia, da Universidade de São Paulo (USP) e das universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ), do Rio Grande do Norte (UFRN), do Pará (UFPA), em parceria com a organização não governamental (ONG) Voz da Natureza. O artigo que descreve a investigação foi publicado na revista Neotropical Ichthyology, na semana passada.

A finalidade da investigação era conhecer a biodiversidade das áreas mais profundas e contribuir com a sua conservação. Os resultados mostram que as áreas profundas também sofrem os impactos da ação humana e precisam tanto de proteção quanto as áreas rasas de vida marinha. 

Nas áreas mais profundas exploradas na expedição, os cientistas constataram a presença de poluição, como plásticos e detritos de pesca que colocam em risco a vida dos animais marinhos. O artigo ressalta que, apesar da proibição de plásticos de uso único em toda a ilha e da presença de um programa para eliminar as sacolinhas plásticas no local, grande parte dos produtos que podem ser obtidos nas lojas vem embalada em plástico.

Os pesquisadores ressaltam a necessidade de proteção dos ecossistemas das águas profundas, conciliando as atividades de pesca e turismo com a preservação da biodiversidade local, que definem como “única”. Avanços significativos na conservação desses ecossistemas poderiam ser alcançados, segundo o artigo, com a expansão da zona de exclusão de atividades do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha ou com a criação de algumas zonas de exclusão de pesca dentro das áreas marinhas protegidas de uso sustentável.

Procurada pela Folha de Pernambuco, a Administração de Fernando de Noronha admitiu a ocorrência de lixo em todo o Arquipélago. Porém, defende-se afirmando que a origem dos detritos “contempla, em sua maioria, locais distantes, o que pode ser verificado durante as diversas limpezas de praia realizadas, nas quais se observa um padrão bem definido: o maior volume de itens é coletado nas praias do chamado “mar de fora”, sob forte influência de sistemas de correntes que os transportam.

Em nota, a gestão acrescenta que, por sua vez, no “mar de dentro”, “área sob maior influência do consumo e descarte local, são tipicamente coletados poucos itens”. “Tal realidade motivou a criação no ano corrente de uma Coleção Didática de Lixo Marinho em Fernando de Noronha, em exposição junto ao Memorial Noronhense e na qual podem ser encontrados itens oriundos de mais de 20 países, reforçando a natureza global do problema do lixo no mar”, destaca a Administração.

Já sobre o banimento dos plásticos e similares descartáveis, a gestão atenta para o requisito legal que deu origem ao Programa Noronha Plástico Zero – NPZ  (Decreto Distrital n. 002/2018, disponível em: http://www.noronha.pe.gov.br/instLegislacao.php?cat=3) e “compreender quais são os itens por ele contemplados – os descartáveis ou de uso único (garrafas plásticas de bebidas com capacidade inferior a 500 ml, canudos, copos, pratos, talheres e sacolas de plástico ou similar descartável, além de embalagens e recipientes  de isopor ou similar descartável - Art. 1º)”.

De acordo com a gestão da Ilha, “por razões logísticas e, principalmente sanitárias, embalagens originais das mercadorias e outros itens fazem parte das exceções do decreto (ver Art. 4º), motivo pelo qual ainda são encontrados no Distrito”.

Confira a nota na íntegra:

"Por meio do Programa Plástico Zero, que conta com um consistente plano de educação e comunicação e ações de fiscalização sistemáticas, Fernando de Noronha se tornou o primeiro território no país a banir 5 dos 10 principais itens coletados em campanhas internacionais de limpeza de costa, segundo o Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar. Desta forma, vem conseguindo não apenas melhorar a limpeza urbana e reduzir o volume de resíduos gerados localmente, mas também minimizar  a sua contribuição no aporte global de resíduos plásticos no mar. Tendo em vista os desafios práticos da remoção de décadas de plástico acumulado nos ambientes costeiros e marinhos, a prevenção, tal como vem sendo tratada no Distrito, mais do que a remediação, constitui a forma mais eficiente de combater o lixo marinho. 

Em relação à poluição por plásticos no mar, se trata de um problema grave e global que, infelizmente, acomete inclusive as áreas mais remotas e isoladas do planeta. O mesmo acontece em virtude da combinação entre a persistência dos plásticos no meio marinho e a competência das correntes marítimas em transportá-los para locais distantes de sua área-fonte. Situação similar ocorre com o descarte proposital ou acidental de petrechos de pesca, que além de poluir o oceano, traz associado o problema da pesca fantasma. 

Desta forma, é registrada a ocorrência de lixo no mar não só na Ilha de Fernando de Noronha, mas em todo o Arquipélago, cuja origem contempla em sua maioria, locais distantes, o que pode ser verificado durante as diversas limpezas de praia realizadas, nas quais se observa um padrão bem definido: o maior volume de itens é coletado nas praias do chamado “mar de fora”, sob forte influência de sistemas de correntes que os transportam. Por sua vez, no “mar de dentro”, área sob maior influência do consumo e descarte local, são tipicamente coletados poucos itens. Tal realidade motivou a criação no ano corrente de uma Coleção Didática de Lixo Marinho em Fernando de Noronha, em exposição junto ao Memorial Noronhense e na qual podem ser encontrados itens oriundos de mais de 20 países, reforçando a natureza global do problema do lixo no mar. 

No que se refere ao banimento dos plásticos e similares descartáveis, é importante revisitar o requisito legal que deu origem ao Programa Noronha Plástico Zero – NPZ  (Decreto Distrital n. 002/2018, disponível em: http://www.noronha.pe.gov.br/instLegislacao.php?cat=3) e compreender quais são os itens por ele contemplados – os descartáveis ou de uso único (garrafas plásticas de bebidas com capacidade inferior a 500 ml, canudos, copos, pratos, talheres e sacolas de plástico ou similar descartável, além de embalagens e recipientes  de isopor ou similar descartável - Art. 1º). Por razões logísticas e, principalmente sanitárias, embalagens originais das mercadorias e outros itens fazem parte das exceções do decreto (ver Art. 4º), motivo pelo qual ainda são encontrados no Distrito."

 

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