Saiba como fazer para não deixar a internet lhe intoxicar
Especialista alerta para o uso excessivo das redes sociais, que pode se tornar nocivo à saúde
Com o celular em mãos ou computador em funcionamento, temos acesso a uma imensidão de informação e conteúdo que nos bombardeia diariamente. Nesse período de isolamento social, os dispositivos eletrônicos e a internet se tornam fieis companheiros das pessoas. Mas, apesar de alguns benefícios e praticidades que essa dupla proporciona, o excesso de uso, impulsionado sobretudo pelas redes sociais, também pode trazer problemas mentais e físicos. Algumas pessoas reclamam que esse tipo de site, em que o Brasil aparece em 2º lugar no ranking de utilização média diária - segundo dados do Digital in 2019, do site We Are Social -, se tornou um ambiente tóxico, e o que era utilizado como um momento de descontração e relaxamento, passou a ser algo que adoece a mente.
É o caso de Izabela Veríssimo, bancária, que optou por desativar alguns de seus perfis na tentativa de se desligar do mundo e recuperar a concentração. "Como tenho estado todo o tempo em casa, estava passando, em média, oito horas por dia no celular. Usava muito o Twitter, pela rapidez com que as informações circulam por lá, mas estava lendo muita notícia negativa, o que me fazia mal e me tirava a concentração", desabafou. Por falar em celular, é ele a principal porta de acesso à internet dos brasileiros: 58% dos usuários se conectam à rede exclusivamente por esses dispositivos, segundo dados da pesquisa TIC Domicílios.
A ideia de desativar alguns perfis, adotada por Izabela, é uma das recomendações de Ana Rique, psicóloga e psicoterapeuta que conversou com a Folha de Pernambuco. Segundo a especialista, é preciso ter senso crítico para identificar o que te faz mal e se afastar disso. "Quando você consegue identificar a raiz do que te faz mal e resolve se afastar, mostra que analisou a si próprio de forma crítica. O distanciamento daquilo que nos faz mal reestrutura a nossa mente, reduz o grau de saturação causado pelo estímulo negativo e devolve a capacidade de reformular a relação com o motivo causador”, explicou Ana.
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Os estudantes Eduarda Lobo (Arquitetura e Urbanismo), Nayara Carvalho (Direito) e Edward Nascimento (Engenharia Mecânica) também resolveram mudar a relação que tinham com as redes sociais. No caso de Eduarda, ela estava enfrentando problemas pessoais que a deixaram mais sensível, e o fluxo intenso de informações sobre a pandemia da Covid-19 intensificaram o desconforto emocional. Eduarda estava tão presente nas redes sociais que saberia identificar com facilidade caso alguém se ausentasse por muito tempo. Conta também que a localidade onde mora agravou o que vinha sentindo. "Eu moro no Derby e escuto constantemente o barulho das ambulâncias, e isso agravou as minhas sensações negativas", contou. "No pior momento, resolvi me afastar e até desinstalei o aplicativo do meu celular. Foi quando decidi me dedicar aos estudos, à minha família e até mesmo a descansar mais", complementou.
Já Nayara costumava usar as redes sociais como refúgio da rotina cansativa, mas percebeu que deixava passar muitas vivências interessantes fora da tela. "Estava deixando minha vida e toda minha produtividade em segundo plano. Fora os muitos gatilhos mentais que faziam negligenciar a minha vida real. Resolvi parar por conta própria e dar um tempo mesmo", relatou. Apesar do desconforto causado pelas redes, Edward não conseguiu se distanciar, mas conta que priorizou o consumo de notícias positivas para evitar o desgaste. "Tenho focado nas coisas boas. Sempre que vejo algo ruim, compartilho algo bom para aliviar a mente", contou.
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Ana Rique considera madura a atitude dos estudantes de ajustar a relação com as coisas. “É muito importante reavaliar as prioridades e sempre buscar focar nas coisas boas. A conexão com o mundo externo também é fundamental para o desapego online”, lembrou. A profissional destaca ainda que além dos danos mentais, alguns problemas físicos podem se tornar recorrentes, como a síndrome do pescoço baixo, em função da curvatura do corpo por conta do uso excessivo do celular e alguns danos à visão.
Como uma maior exposição dos olhos às telas azuis dos equipamentos eletrônicos, as pessoas podem desenvolver a Síndrome de Visão de Computador (CVS). De acordo com o oftalmologista Ermano Melo, os principais sintomas da CVS são os olhos irritados e secos, além da sensibilidade à luz e da dificuldade de manter o foco. "Coceira, lacrimejamento e pálpebras pesadas também podem acontecer. Para evitar, é recomendável que se mantenha uma distância adequada entre o indivíduo e o equipamento, deixar o ambiente bem iluminado e procurar tirar intervalos do contato dos olhos com os eletrônicos", explicou.
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