Internet: pais acham que filhos estão seguros; metade das crianças de 9 e 10 anos usa sem supervisão
Dados são do TIC Kids Online Brasil, levantamento anual criado em 2012 para gerar evidências sobre a utilização da web por menores de idade no país
Uma pesquisa do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) apontou que a maior parte dos pais (77%) entende que seus filhos estão seguros na internet. O levantamento também mostra que metade das crianças de 9 a 10 anos têm uso sem supervisão de seus responsáveis para vídeos e jogos e que um terço dos usuários de 9 a 17 anos já passou por situações ofensivas ou que não gostaram em ambientes virtuais.
Os dados indicam ainda que as crianças e adolescentes passam por estes eventos ofensivos sem que seus pais saibam, já que só 8% dos responsáveis acreditam que seus filhos já vivenciaram situações incômodas na internet. As informações são do TIC Kids Online Brasil, levantamento anual criado em 2012 para gerar evidências sobre a utilização da web por menores de idade no país.
Luisa Adib, coordenadora da pesquisa, explica que a proporção de pais que acreditam que seus filhos estão seguros na internet é similar aos que declararam conversar com eles sobre os perigos on-line.
— Um patamar muito próximo, de 76%, diz que ensina e explica que alguns sites não são bons. Eles podem relacionar que orientam e que, por isso, creem que os filhos estão em segurança — diz.
Em setembro, o ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou a intenção de um projeto de lei para proibir celulares nas escolas brasileiras. O Congresso, então, recuperou um texto que já estava em tramitação e acelerou a discussão. É possível que ele seja aprovado já na próxima sessão da Comissão de Educação da Câmara, ainda sem data marcada.
A ideia é apoiada por parlamentares alinhados ao governo e também da oposição. Apenas alguns detalhes ainda estão sendo discutidos — como, por exemplo, se o banimento vai abranger todos os alunos ou se os do ensino médio ficam de fora.
O TIC Kids Online Brasil também aponta que um quarto das crianças e adolescentes apresenta pelo menos um sinal de vício ou uso excessivo, como tentar passar menos tempo on-line, mas não conseguir. Além disso, 15% disseram que já deixaram de comer ou dormir por causa da internet, e 16% se sentiram mal em algum momento por não poder estar navegando. A pesquisa, de abrangência nacional, foi realizada de forma presencial de março a agosto deste ano. Ela ouviu 2.424 crianças e adolescentes de 9 a 17 anos e 2.424 pais ou responsáveis.
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Outra informação preocupante é a proporção de menores que se comunicam com pessoas que não conhecem na vida real. Considerando todos os usuários na faixa etária analisada, 30% já tiveram contato com pessoas estranhas. Entre os que têm de 15 a 17 anos, o índice sobe para 43%. Esses encontros se dão especialmente por redes sociais (15% dos casos), mensagens instantâneas (14%) e jogos (9%).
Uma novidade deste ano é a análise do uso de redes sociais por idade. A pesquisa mostra que as crianças mais novas (9 e 10 anos) são as que mais usam o YouTube, enquanto os mais velhos estão mais no WhatsApp e no Instagram.
Outro dado levantado pela primeira vez pelo TIC Kids Online Brasil mostra que as meninas procuram mais os pais quando algo incomoda na internet do que os meninos — 52% delas dizem fazer isso sempre, contra 36%. Elas também pedem mais conselho do que eles sobre como agir no mundo virtual (45% e 33%, respectivamente)
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O levantamento aponta que 93% da população brasileira de 9 a 17 anos usam a Internet. Na faixa etária de 15 a 17, o patamar sobe para 97%. Mesmo entre os mais novos, de 9 a 10 anos, 89% têm acesso à rede. E a grande maioria (98%) utiliza um celular como dispositivo. Nas classes A, B e C, 100% acessam de casa e 56% na escola. Na D e E, essas proporções são de 97% e 44%, respectivamente.
Os pais que usam algum tipo de recurso para bloquear ou filtrar a navegação são 34%, no caso de sites, e 32% para aplicativos. Já métodos que limitam o tempo que a criança ou adolescente passa na internet são empregados por apenas 24% dos pais. Isso significa que a maioria dos menores pode acessar qualquer tipo de conteúdo, por quanto tempo desejar, no que diz respeito a esses recursos técnicos.
A principal forma de moderação utilizada pelos pais é a verificação dos aplicativos que baixou (67%), dos amigos ou contatos adicionados às redes sociais da criança (65%) e do histórico de sites visitados (60%). A pesquisa aponta ainda que 61% dos pais e responsáveis afirmaram que olham o celular do filho para ver o que ele está fazendo ou com quem está falando, e que 51% impõem regras.
Veja detalhes da pesquisa:
93% da população brasileira de 9 a 17 anos usa a Internet
Divisão por regiões:
Norte: 85%
Centro-Oeste: 88%
Nordeste: 93%
Sudeste: 93%
Sul: 98%
Por classe social:
AB: 99%
C: 93%
DE: 91%
Por idade
9 a 10: 89%
11 a 12: 88%
13 a 14: 94%
15 a 17: 97%
Usos mais frequentes (usuários de 9 a 17 anos):
Pesquisa para trabalhos escolares: 86%
Ouvir música: 86%
Assistir vídeos: 84%
Jogar: 78%
Redes sociais: 76%
Enviar mensagens instantâneas: 76%
Habilidades menos frequentes (usuários de 11 a 17 anos):
45% não sabem ajustar as configurações de privacidade, por exemplo, nas redes sociais
33% não sabem como diferenciar conteúdo patrocinado e não patrocinado online
28% não sabem postar na internet vídeos ou músicas de autoria própria
26% não sabem como verificar se um site é confiável
25% não sabem verificar quanto dinheiro gastou com algum aplicativo
Pessoas para quem usuários de 11 a 17 anos contaram sobre situações ofensivas on-line:
Pais: 31%
Amigo da sua idade: 29%
Irmãos ou primos: 17%
Não falou para ninguém: 13%
O que os usuários de 9 a 17 podem fazer sozinhos:
Assistir a vídeos: 68%
Jogar on-line: 66%
Usar redes sociais: 57%