Pesquisa: Trump pode perder mais da metade dos eleitores dos estados-pêndulo se for julgado culpado
O número aumenta para 55% se o ex-presidente, que enfrenta 91 acusações criminais em quatro julgamentos separados, for condenado à prisão
Mais da metade dos eleitores dos chamados estados-pêndulo dos Estados Unidos não votariam em Donald Trump se ele fosse condenado por um crime, de acordo com uma nova pesquisa da Bloomberg News/Morning Consult, um sinal de alerta para o principal candidato republicano, que continua à frente do presidente Joe Biden nas sondagens. Os "estados-pêndulo" são aqueles onde nenhum partido político tem uma vantagem significativa sobre o outro nas eleições presidenciais.
A pesquisa descobriu que 53% dos eleitores nos sete estados de batalha acirrada estariam relutantes em votar em Trump na eleição geral se ele fosse considerado culpado de um crime, um número que aumenta para 55% se ele for condenado à prisão.
As 91 acusações criminais de Trump em quatro julgamentos separados e as audiências relacionadas até agora alimentaram sua posição no campo das primárias republicanas e nos esforços de angariação de fundos para a campanha, mas os dados divulgados nesta quarta-feira indicam que há um limite para o quanto suas batalhas legais o ajudarão politicamente.
A relutância dos eleitores em apoiar um Trump condenado é um dos poucos pontos negativos para o ex-presidente na pesquisa que, de outra forma, mostra ele ampliando sua margem sobre Biden em um confronto direto. Trump está na frente de Biden por uma média de 6 pontos percentuais nos sete estados cruciais que provavelmente decidirão a eleição presidencial de 2024, de acordo com a sondagem.
O ex-presidente venceu as duas primeiras disputas primárias republicanas e está pronto para garantir a nomeação de seu partido nas próximas semanas.
Presidente condenado
Trump tem usado as acusações criminais para se pôr como vítima de promotores, a quem acusa de viés político. Isso galvanizou a base do partido em torno de sua candidatura e afastou o apoio de seus concorrentes. O governador da Flórida, Ron DeSantis, já desistiu da corrida e Nikki Haley, ex-governadora da Carolina do Sul, se comprometeu a continuar concorrendo depois de perder para Trump em Iowa e New Hampshire.
Apesar dos republicanos se unirem em torno de Trump após quatro acusações, a pesquisa sugere que uma condenação e uma sentença de prisão poderiam mudar o cenário para alguns eleitores. Quase um em cada quatro (23%) dos republicanos nos estados-pêndulo dizem que não estão dispostos a apoiá-lo se condenado.
A vice-presidente da Morning Consult, Caroline Bye, disse que uma condenação reduz o apoio a Trump. Ele perde um em cada cinco de seus eleitores de 2020 se for considerado culpado, disse ela.
— A base está evoluindo e mudando — disse ela. — Mas certamente existem eleitores leais de Trump que continuarão votando nele.
Os eleitores estavam divididos sobre se os estados deveriam poder remover o nome de Trump da cédula (como no tribunal do Colorado, onde Trump recorre da decisão) por seus esforços para reverter a eleição de 2020. Quarenta e cinco por cento disseram que os estados não deveriam ter o direito de removê-lo, enquanto 21% disseram que os estados deveriam ser capazes de considerá-lo inelegível apenas se ele for criminalmente condenado por acusações relacionadas à insurreição. O restante dos entrevistados disse que os estados deveriam ser capazes de excluir seu nome, independentemente de qualquer condenação.
Uma condenação também poderia inclinar o equilíbrio entre os chamados "duplos 'odiadores'" — eleitores que têm uma opinião desfavorável tanto de Biden, quanto de Trump —, com 79% desses eleitores dizendo que não estariam dispostos a votar em Trump se ele fosse considerado culpado.
A pesquisa foi realizada de 16 a 22 de janeiro, após o caucus de Iowa e antes da primária de New Hampshire. Também ocorreu antes de uma indenização civil de US$ 83,3 milhões por difamar a escritora E. Jean Carroll, que anteriormente havia ganhado um processo separado contra ele por agredi-la sexualmente em 1996.
A pesquisa entrevistou eleitores no Arizona, Geórgia, Pensilvânia, Michigan, Carolina do Norte, Wisconsin e Nevada. A Bloomberg News e a Morning Consult estão conduzindo pesquisas mensais na corrida para as eleições presidenciais de novembro.
Problemas na Justiça
Trump enfrenta quatro julgamentos criminais diferentes este ano, embora seus advogados estejam tentando adiar os casos até depois das eleições ou descartá-los.
Dois casos — um sobre os esforços de Trump para reverter a eleição de 2020 e outro sobre supostos pagamentos de dinheiro para silenciar uma estrela pornô — estão agendados para ir a julgamento em março e podem chegar a veredictos antes das eleições presidenciais de novembro, embora atrasos possam significar que os eleitores irão às urnas antes de qualquer um ser decidido. O timing dos outros dois, sobre o manuseio de documentos classificados por Trump e alegada interferência nos resultados das eleições de 2020 na Geórgia, são incertos.
Ele aguarda uma decisão do tribunal de apelações sobre se ele é imune à responsabilidade criminal por ações durante seu mandato como presidente. Isso poderia resultar no arquivamento de dois casos decorrentes de seus esforços para subverter a eleição de 2020. A decisão de imunidade não se aplicaria aos outros dois casos criminais decorrentes de ações antes e depois de ele ser presidente.