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SAÚDE

Pesquisadores estudam novo método de radioterapia como tratamento para tipos de câncer considerados

A radioterapia Flash promete um tratamento mais eficaz e com menor dano aos tecidos saudáveis

RadioterapiaRadioterapia - Foto: Divulgação

O Instituto Curie, na França, anunciou nesta terça-feira um projeto dedicado ao processo experimental de radioterapia Flash, visando tratar tumores profundos de cânceres com diagnósticos considerados incuráveis, ou complexos. Os pesquisadores têm como alvo os tipos da doença que não apresentam boa resposta aos tratamentos atuais.

Denominado FRATHEA e realizado em colaboração com a CEA (Comissão de Energia Atómica e Energias Alternativas), com um financiamento de 37 milhões de euros da França 2030 (35 milhões) e da região de Ile-de-France (2 milhões), este projecto distribuído por quatro anos planeja implementar a plataforma em seu site em Orsay, no planalto de Saclay, especifica um comunicado de imprensa.
 

Objeto de pesquisa há cerca de dez anos, a radioterapia Flash é um processo que utiliza elétrons de baixa energia para emitir raios muito intensos em poucos milissegundos, cinco vezes mais potentes que a radioterapia convencional, a fim de destruir células tumorais e, ao mesmo tempo, poupar tecidos saudáveis. É feito para tratar tumores superficiais.

O Instituto Gustave Roussy desenvolveu com a empresa Theryq a primeira máquina de radioterapia Flash da França.

Já o Instituto Curie, com o seu “irradiador” – cujos ensaios clínicos deverão começar em 2028 – pretende atingir tumores profundos (20 a 30 cm) para tratar cancros atualmente incuráveis, muitas vezes inacessíveis porque estão localizados perto de órgãos vitais: tumores cerebrais, tumores pediátricos, câncer de pulmão, câncer de pâncreas.

Para isso, quer “combinar a radioterapia Flash com a utilização de eletrões de altíssima energia”, o que será “uma inovação mundial”, explicou em conferência de imprensa o professor Alain Puisieux, presidente do conselho de administração do Instituto Curie.

“A nossa ambição é poder, no futuro, curar mais pacientes que sofrem de cancros graves, com menos efeitos secundários, menos sequelas e uma menor árduacidade dos tratamentos, o que nos permitirá esperar uma melhor adesão aos tratamentos”, resumiu o professor Gilles Créhange, chefe do departamento de radioterapia da Curie.

“Para os tumores infantis, mesmo que o prognóstico tenha melhorado muito nos últimos anos, devemos pensar em curá-los, mas também em permitir que cresçam melhor e envelheçam melhor”, acrescentou.

A empresa que construirá o irradiador – cuja segurança e eficácia o CEA terá de “demonstrar” às autoridades reguladoras (ASNR, Autoridade de Segurança Nuclear e Proteção Radiológica) – será escolhida na sequência de um concurso público, até ao verão.

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