Pesquisas mostram Trump 2.0 mais popular do que no primeiro mandato, mas com pontos frágeis
Republicano tem apoio em políticas migratórias, mas maioria dos americanos questiona guerra tarifária e plano para anexar a Faixa de Gaza
As intensas primeiras semanas do novo mandato do presidente dos EUA, Donald Trump, foram vistas de forma positiva pela maioria dos americanos, apontaram pesquisas divulgadas nos últimos dias. Mas ao mesmo tempo em que o republicano é louvado por cumprir suas promessas de campanha, ou a maior parte delas, há pontos onde seus números são bem mais frágeis do que gostaria a Casa Branca.
De acordo com o agregador de pesquisas do portal RealClearPolling, com dados atualizados até quarta-feira, 48,9% dos americanos aprovam o início de mandato de Trump, contra 45,6% que desaprovam — se comparados com os números de oito anos atrás, quando o bilionário iniciava seu primeiro governo, eles são mais animadores: na época, 49,4% dos americanos o desaprovam, e a aprovação era de 44,3%.
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Mas ele ainda tem os piores números iniciais de um presidente na história recente. Seu antecessor, Joe Biden, era aprovado por 57% dos americanos no início do mandato, enquanto John Kennedy registrou 72% e Barack Obama 68%.
Uma das pesquisas mais amplas feitas desde o dia 20 de janeiro foi divulgada no domingo pela rede CBS. A aprovação, de 53%, é a mais alta registrada pelo republicano desde o início de sua vida política, em 2015, e 70% dos entrevistados, incluindo democratas, republicanos e independentes, dizem que ele está cumprindo suas promessas de campanha.
A sondagem traz outros motivos para inflar o ego do presidente. Para 69% dos entrevistados, ele é “firme”, “enérgico” para 63% e “focado” para 60% — por outro lado, apenas 37% disseram que ele é uma pessoa que demonstra compaixão.
A principal bandeira de sua campanha, assim como dos primeiros momentos do governo, a política migratória, conta com apoio considerável. 59% dos americanos aprovam o programa para deportar imigrantes em situação irregular dos EUA, e 64% são favoráveis ao envio de tropas para a fronteira com o México. Contudo, 52% são contra o envio dos imigrantes para grandes centros de detenção, como a base militar de Guantánamo, em Cuba, enquanto se determina quem será de fato deportado.
Se na imigração há alguns louros a serem recebidos, em outras políticas centrais do governo há mais a lamentar do que celebrar. Embora 54% dos entrevistados — majoritariamente republicanos — aprovem a atuação do presidente sobre o cessar-fogo em Gaza (negociado durante o governo Biden), 47% dizem ser má ideia assumir o controle do território palestino. Apenas 13% consideram que ele deve seguir adiante, e 40% dizem não saber com certeza.
A guerra tarifária tampouco atrai muitos elogios. Para 51% dos americanos, a imposição de taxas a produtos importados tornará os produtos básicos mais caros, e 34% acreditam que os tarifaços terão impacto negativo sobre os empregos nos EUA. A maioria (56%) apoia as medidas contra a China, mas as tarifas contra o México (44%) e Canadá (38%) não tiveram uma recepção tão positiva, segundo a pesquisa da CBS. Para 66% dos entrevistados, o presidente não está fazendo o suficiente para reduzir os preços, como prometeu durante a campanha.
Outra “nota baixa” está ligada aos perdões às pessoas processadas por ligação com a invasão ao Capitólio, em janeiro de 2021: para 58%, essa foi uma decisão errada de Trump, um número que inclui uma quantidade considerável de eleitores republicanos (28%).
Em termos gerais, os números da pesquisa da CBS, assim como de sondagens mais recentes, como a conduzida pela revista The Economist, em parceria com o instituto YouGov, mostram que os EUA seguem um país dividido — republicanos aprovam quase todas as ações de Trump de forma contundente, enquanto os democratas as rejeitam e os independentes estão divididos.
Em seu primeiro discurso após vencer Kamala Harris, em novembro do ano passado, o então presidente eleito prometeu unir o país, e disse que “era hora de deixar as divisões dos últimos quatro anos para trás”. Mas como demonstraram as primeiras ações de Trump em seu retorno à Casa Branca, a defesa de uma união nacional parece, assim como a campanha, ter ficado no passado.