Petro acusa maior quadrilha de drogas da Colômbia de violar cessar-fogo
Garimpeiros que obedecem ordens do Clã do Golfo destruíram no domingo o aqueduto do município de Tarazá
O presidente da Colômbia Gustavo Petro acusou nesta segunda-feira (13) o maior grupo de narcotráfico do país de violar a trégua bilateral - anunciada em 31 de dezembro - ao financiar garimpeiros ilegais que atacam a população do noroeste do país.
Segundo as autoridades, os garimpeiros que obedecem ordens do Clã do Golfo destruíram no domingo o aqueduto do município de Tarazá. Também incendiaram um posto de pedágio e uma ambulância na região de Bajo Cauca, no departamento de Antioquia.
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Petro tuitou: "Afetar a água potável de uma cidade é colocar em risco a vida de meninos e meninas, de todos os seres humanos. O Clã do Golfo, com sua hostilidade contra a população, quebrou o cessar-fogo".
Os trabalhadores das minas ilegais protestam desde 2 de março contra a destruição por parte do exército e da polícia das dragas utilizadas para a extração de ouro.
O presidente indica que quem incentiva a chamada greve dos mineradores recebe "dinheiro do Clã do Golfo para causar mal e fazer essa violência passar como uma greve social".
Sua versão contradiz a do prefeito de Tarazá, Mario Eliécer Sierra, que afirmou em uma rádio local que o município ficou sem água por falta de abastecimento, mas o aqueduto não foi destruído.
O primeiro esquerdista do governo da Colômbia declarou às vésperas do Ano Novo um cessar-fogo bilateral com o Clã do Golfo, os guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN), todos os dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) que não aceitaram o acordo de paz de 2016 e os paramilitares da Sierra Nevada de Santa Marta.
Foi o primeiro passo para sentar e negociar com todos os grupos irregulares, no âmbito que o governo chama de política da paz total.
Após o anúncio, entretanto, problemas surgiram: o ELN negou publicamente fazer parte da trégua e o governo detectou violações por parte de dissidentes das Farc.
Na transmissão desta segunda do programa de rádio da presidência, Petro assegurou que vai realizar nas próximas horas um encontro com a sua equipe de trabalho, para avaliar o futuro da cessação bilateral das hostilidades.
O presidente garantiu que a aproximação com o Clã do Golfo sofreu "uma involução", já que os narcotraficantes estariam aproveitando a trégua para fortalecer suas operações nas minas. Eles parecem "privilegiar mais seus negócios", acrescentou.
Parecido com o tráfico de cocaína, grupos armados na Colômbia lucram com a mineração ilegal. A força pública destruiu desde 2012 mais de 2.000 dragas e escavadeiras.
Imagens divulgadas pelo Ministério da Defesa mostram a destruição de florestas para extrair o metal em Bajo Cauca, no norte de Antioquia.
Segundo Petro, dragas de até 5 mil toneladas são utilizadas nestas áreas e contaminam a água com mercúrio.
A greve dos mineiros em Antioquia continua, apesar de três ministros tentarem chegar a um acordo com os manifestantes desde quinta-feira.
Na semana passada, o governo mobilizou tropas que recuperaram o controle de algumas estradas e decretou toque de recolher de 12 horas em 12 municípios, entre sexta e sábado.
O governador de Antioquia, Aníbal Gaviria, convocou para esta segunda-feira marchas contra os garimpeiros e narcotraficantes em Medellín, capital do departamento.
O Clã do Golfo é um grupo herdeiro do paramilitarismo. Alguns de seus integrantes haviam se desmobilizado em um processo de paz de 2006 com o ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010) - considerado um "fracasso" por Petro.
De acordo com cálculos oficiais, a organização está por trás de 30 a 60% das exportações de drogas da Colômbia, o equivalente a cerca de 700 toneladas.