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PF investiga comando da Braskem para buscar responsabilidades

Responsável por investigação, superintendente da corporação em Alagoas diz que buscas realizadas hoje devem "encerrar um ciclo" do inquérito

 Polícia Federal cumpre mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Braskem Polícia Federal cumpre mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Braskem - Foto: Divulgação/Polícia Federal

A operação da Polícia Federal contra executivos e outros funcionários da Braskem realizada na manhã desta quinta-feira (21), em Alagoas, mira comando da empresa e busca estabelecer as responsabilidades individuais pelos possíveis crimes cometidos.

Ao Globo, a superintendente da Polícia Federal no estado, Luciana Paiva Barbosa, que comanda as investigações, disse que a operação de hoje deve “encerrar um ciclo” no inquérito, “definindo quem fez o quê, se seguiram corretamente a autorização de lavra, quais foram os documentos que apresentaram, se estavam corretos e se não estavam”.

"O objetivo é conseguir os documentos e equipamentos eletrônicos que possam esclarecer a rede de comando, quem mandava. (Quem estabelecia) A forma de perfurar as minas, até onde podiam ir, a distância entre elas. Tudo isso que a gente está tentando esclarecer no inquérito" afirmou, em entrevista por telefone.

Ainda segundo a delegada, a operação é uma consequência natural das investigações.

"Quando as investigações chegam a um certo ponto, às vezes precisamos de medidas mais invasivas para conseguir o dado real, bruto, e analisá-lo sem influência e sem nenhum tipo de maquiagem daquele dado" acrescentou.

A delegada assumiu a superintendência da PF em Alagoas em março deste ano. Já na solenidade de posse ela disse que uma das prioridades da nova gestão era a investigação sobre os danos causados em bairros de Maceió.

"Agora, a prioridade máxima é uma investigação que estamos fazendo sobre os bairros que foram afetados com dano ambiental muito grande e também um dano social muito grande" disse, na ocasião.

Operação
Na operação deflagrada na manhã desta quinta-feira, para investigar possíveis crimes cometidos pela empresa Braskem na exploração de uma mina de sal-gema que causou o afundamento de bairros em Maceió, foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão. Em entrevista coletiva nesta manhã, a PF informou que foram recolhidos documentos e equipamentos eletrônicos na sede da Braskem e que, a princípio, a investigação trata de possíveis crimes ambientais.

Segundo a delegada, a justiça decretou sigilo sobre os nomes dos alvos e também na relação de material apreendido durante as buscas.

A investigação apura indícios de que a exploração de sal-gema pela Braskem na capital alagoana não seguia os parâmetros de segurança necessários para garantir a estabilidade das minas e a segurança da população. A exploração, realizada entre 1970 e 2019, causou o afundamento do solo em cinco bairros da capital alagoana, o que levou 60 mil pessoas a abandonarem suas casas.

Segundo a PF, foram identificados indícios de que a empresa teria apresentado dados falsos e omitido informações das autoridades para manter o funcionamento das minas. No total, 60 policias cumpriram 14 mandados de busca e apreensão: 11 em Maceió, dois no Rio de Janeiro (RJ) e um em Aracaju (SE). Os mandados foram expedidos pela Justiça Federal de Alagoas.

Um dos alvos da operação em Maceió foi a sede da local da Braskem na capital alagoana, no bairro Pontal da Barra. Em nota enviada ao GLOBO, a empresa afirmou que "está à disposição das autoridades, como sempre atuou. Todas as informações serão prestadas no transcorrer do processo".

Os alvos da investigação poderão responder pelos crimes de poluição qualificada, usurpação de recursos da União, apresentação de estudos ambientais falsos ou enganosos, inclusive por omissão e outros delitos, segundo a Polícia Federal

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