PF prende irmãos suspeitos de desvio de verbas do orçamento secreto no Maranhão
Os irmãos foram identificados como Roberto Rodrigues de Lima e Renato Rodrigues de Lima
Dois irmãos foram presos pela Polícia Federal, nesta sexta-feira (14), em uma operação que investiga um suposto esquema para desvio de verbas do orçamento secreto do governo Bolsonaro. A Operação Quebra-Ossos ocorre em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Ministério Público Federal (MPF) e cumpre mandados no Maranhão e no Piauí.
Orçamento secreto é o esquema no qual o governo Bolsonaro direciona emendas parlamentares para deputados e senadores em troca de apoio e sem que os congressistas sejam identificados. Os irmãos foram identificados como Roberto Rodrigues de Lima e Renato Rodrigues de Lima.
Alvos dos mandados de prisão, os irmãos são suspeitos de participarem da falsificação dos dados superestimados de produção em sistemas eletrônicos do SUS "com o intuito de majorar indevidamente o teto de repasse de ações e serviços de média e alta complexidade financiados com recursos de emendas parlamentares do famigerado ‘orçamento secreto’ (emendas RP 9), desviando os recursos através de contratos administrativos fraudulentos", diz um trecho da decisão judicial que autorizou o cumprimento dos mandados.
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"As investigações da PF apontaram que o município de Igarapé Grande, no Maranhão, teria informado, em 2020, a realização de mais de 12,7 mil radiografias de dedo, quando a sua população total não supera os 11,5 mil habitantes, fato que culminou na elevação do teto para o repasse de recursos que financiam ações e serviços de saúde no ano subsequente", detalhou a Polícia Federal.
Foram verificados indícios de fraudes em contratos firmados pelo município maranhense para desviar os recursos recebidos de forma indevida.
Os irmãos também são suspeitos de terem efetuado as práticas ilegais investigadas em vários municípios maranhenses desde o ano de 2018.
Cerca de 60 policiais federais cumprem 16 mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão temporária, nos municípios de Igarapé Grande/MA, Lago do Junco/MA, Lago dos Rodrigues/MA, Caxias/MA, Timon/MA, Parnaíba/PI e Teresina/PI. Os mandados foram expedidos pela Justiça Federal de Bacabal/MA.
As empresas investigadas ocupam posições de destaque no “ranking” das empresas que mais receberam recursos públicos da saúde no período de 2019-2022 no estado do Maranhão, sendo que uma delas foi agraciada com quase R$ 52 milhões recebidos.
Um dos irmãos foi afastado do cargo de servidor público que ocupava. Também foram suspensos direito dos empresários e empresas investigadas de participarem de licitações e de contratarem com órgãos públicos.
"Uma vez confirmadas as suspeitas, os investigados poderão responder por inserção de dados falsos, fraude à licitação, superfaturamento contratual, peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa", completou a PF, em nota.
Procurada, a defesa dos irmãos Roberto e Renato Rodrigues não retornou os contatos feitos pela reportagem.