Pilotos de helicóptero que colidiu com avião nos EUA podem não ter ouvido as comunicações da torre
Investigadores disseram que um controlador de tráfego aéreo instruiu a tripulação do Black Hawk a passar atrás de um jato de passageiros próximo, informação pode ter se perdido
Pilotos de helicóptero que colidiu com avião nos EUA podem não ter ouvido as comunicações da torre, aponta investigação
Investigadores disseram que um controlador de tráfego aéreo instruiu a tripulação do Black Hawk a passar atrás de um jato de passageiros próximo, mas essa informação pode ter se perdido
Agência O Globo -
mundo
Funcionários do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (N.T.S.B.) disseram nesta sexta-feira que estão investigando o que parecem ser comunicações confusas dentro da cabine de um helicóptero Black Hawk do Exército momentos antes de colidir com um jato da American Airlines no mês passado, perto do Aeroporto Nacional Ronald Reagan.
Leia mais: Piloto é resgatado após saltar de paraquedas de jato militar de treinamento em Taiwan
Os investigadores do N.T.S.B. ainda estão tentando determinar se e como as falhas de comunicação contribuíram para a colisão, que matou todas as 67 pessoas a bordo das duas aeronaves sobre o rio Potomac, em 29 de janeiro. O jato regional da American Airlines estava chegando ao Aeroporto Nacional vindo de Wichita, Kansas. A tripulação do Black Hawk realizava uma missão de treinamento para que o piloto pudesse passar por um voo de avaliação anual obrigatório.
Durante uma coletiva de imprensa, a presidente do conselho de investigação, Jennifer Homendy, citou dois momentos em que o controlador de tráfego aéreo deu instruções à tripulação de três pessoas do Black Hawk sobre como se deslocar pelo movimentado espaço aéreo do Aeroporto Nacional, que a tripulação pode não ter recebido completamente.
O primeiro caso, disse Homendy, envolveu a possibilidade de os membros da tripulação do helicóptero não terem ouvido o controlador de tráfego aéreo informar que o jato da American Airlines estava "circulando" para trocar de pista para pouso. Ela explicou que os investigadores conseguiram ouvir essa palavra ao reproduzir as comunicações dos controladores, mas perceberam que ela estava ausente na gravação de voz da cabine do Black Hawk.
Ocorrido
O avião, o voo 5342 da American Airlines, estava em sua descida final depois de ter sido transferido da Pista 1, uma pista de pouso regular para jatos regionais comerciais, para a Pista 33, uma pista usada com muito menos frequência.
Mais tarde, Homendy afirmou que o controlador de tráfego aéreo disse ao helicóptero Black Hawk para passar atrás do avião, que estava a segundos do pouso. No entanto, com base nos dados da gravação de voz da cabine do helicóptero, "uma parte da transmissão que dizia ‘passe atrás do’ pode não ter sido recebida pela tripulação do Black Hawk", disse Homendy.
Isso ocorreu porque a tecla do microfone do Black Hawk ficou pressionada por 0,8 segundos, o que fez com que essas palavras fossem "cortadas" e não audíveis para a tripulação naquele momento, explicou.
Além disso, parece que o piloto instrutor, posteriormente identificado como o Suboficial-Chefe Andrew Eaves, interpretou a instrução do controlador como um pedido para que a tripulação do Black Hawk se movesse em direção à margem leste do rio. Ele retransmitiu essa informação à piloto, identificada como Capitã Rebecca M. Lobach. No entanto, segundo Homendy, essa não foi, de fato, a instrução dada pelo controlador.
Essa instrução do controlador para o Black Hawk era crucial porque, naquele momento, a torre de controle já havia sido alertada de que as duas aeronaves estavam se aproximando perigosamente uma da outra.
Leia também
• Piloto é resgatado após saltar de paraquedas de jato militar de treinamento em Taiwan
• Trump veta agência AP do Salão Oval e do avião presidencial por tempo indeterminado
• Piloto do avião que caiu em SP pediu 'retorno imediato' ao aeroporto, diz colega
O N.T.S.B. também está investigando possíveis discrepâncias nas leituras de altitude do Black Hawk. A altitude é outro elemento crucial da investigação, pois o helicóptero estava em uma trajetória designada onde a altura máxima permitida era de 200 pés acima do rio. No entanto, a colisão aérea parece ter ocorrido a cerca de 300 pés, o que indica que o helicóptero estava fora da posição correta.
Relato
Homendy afirmou que, durante o voo, o Suboficial Eaves e a Capitã Lobach pareceram fornecer informações conflitantes sobre sua localização. Às 8h43, quando o Black Hawk estava a oeste da Ponte Key, a Capitã Lobach indicou que o helicóptero estava a 300 pés, enquanto o piloto instrutor relatou que estava a 400 pés.
"Nem um nem outro fez qualquer comentário sobre a discrepância na altitude", disse Homendy. "Neste momento, não sabemos por que havia uma diferença entre os dois. Essa é uma questão que a equipe de investigação está analisando."
Às 8h45, quando o Black Hawk sobrevoava a Ponte Memorial, o Suboficial Eaves disse à Capitã Lobach que estavam a 300 pés e precisavam descer para 200 pés, afirmou Homendy. A Capitã Lobach confirmou que desceria para 200 pés.
Os investigadores ainda não sabem por que o helicóptero não desceu para essa altitude.