''Minha dor diminuiu muito'', diz jovem com ''pior dor do mundo''; entenda o tratamento
Carolina Arruda, de 27 anos, sofre com neuralgia do trigêmeo, doença rara que provoca dores crônicas e excruciantes
A jovem Carolina Arruda, de 27 anos, compartilhou em seu perfil no Instagram que sua dor diminuiu após ter colocado uma bomba de infusão de fármacos, que libera medicamentos analgésicos diretamente no nervo que causa a dor.
Ela sofre com uma doença chamada neuralgia do trigêmeo, condição rara que provoca a "pior dor do mundo".
Eu não quero criar falsas esperanças, mas minha dor diminuiu muito, muito. Eu tô com uma dor basal nível 4 agora. Eu não sei ainda se ela vai ficar assim, mas (...) eu to ficando com a dor menor. Faz anos que minha dor não diminui assim, eu estou muito feliz. As crises não diminuíram, mas a dor basal esta em nível 4. Ela nesse nível está suportável. Eu espero muito que se mantenha assim celebrou nos stories do Instagram
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O caso da estudante de Veterinária moradora de Bambuí, Minas Gerais, ganhou repercussão após ela usar suas redes sociais para falar sobre o diagnóstico e a vontade de realizar um procedimento de eutanásia na Suíça devido à magnitude das queixas.
Descoberta da doença
Carolina descobriu o diagnóstico de neuralgia do trigêmeo aos 16 anos, após uma gravidez, e desde então realizou uma série de procedimentos, até mesmo neurocirurgias, mas que não aliviaram a dor. Os médicos explicam que o tratamento do quadro realmente tem taxas variadas de sucesso.
A neuralgia do trigêmeo é rara, afeta cerca de 4,3 pessoas a cada 100 mil e é conhecida pelas dores crônicas e excruciantes, explicou o médico especialista em dor Carlos Marcelo de Barros, presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED):
A neuralgia do trigêmeo é uma doença no nervo trigêmeo, nós temos um de cada lado na face. Em 90% dos casos é causada por conflito vascular, uma artéria que, por má formação, encosta no nervo e o desmieliniza, levando-o a funcionar de maneira disfuncional. Geralmente ela acomete somente um dos ramos do nervo e apenas um dos dois nervos da face. Mas o caso da Carolina é ainda mais raro porque ela é jovem, tem um quadro bilateral, ou seja, acomete os dois nervos, e porque é nos três ramos de cada nervo. É muito difícil, muito sofrido.
Novo tratamento
Após tomar conhecimento sobre o caso de Carolina, Barros buscou a jovem e ofereceu uma nova rodada de tratamentos na Clínica da Dor da Santa Casa de Alfenas, no Sul de Minas Gerais, de onde é diretor clínico.
Em julho, a mineira deu início a um novo protocolo de intervenções em busca de uma solução para o problema que a acomete há mais de 10 anos. No fim do mês, implantou neuroestimuladores na medula espinhal e na base do crânio para bloquear a transmissão do impulso nervoso do trigêmeo.
A dor, no entanto, não melhorou. Recentemente ela realizou outro procedimento, implantou uma bomba de infusão de fármacos.
O dispositivo é inserido no abdômen e, através de um cateter, infunde medicamentos analgésicos, morfina e bupivacaína, diretamente no nervo trigêmeo. Carolina pode acionar o aparelho por meio de um controle sempre que for necessário.
De acordo com o plano terapêutico definido pela equipe da Santa Casa de Alfenas com Carolina, há ainda outras tentativas que poderão ser avaliadas caso a nova estratégia não dê certo a longo prazo.
Uma delas é uma nova abordagem cirúrgica de descompressão vascular do nervo trigêmeo, e outra é um procedimento neurocirúrgico de nucleotractomia trigeminal, que tem como objetivo interromper cirurgicamente a transmissão sensitiva do nervo trigêmeo.